DIA 16 – TERÇA-FEIRA
SANTOS CORNÉLIO E CIPRIANO
PAPA E BISPO MÁRTIRES
(vermelho, pref. comum ou dos mártires – ofício da memória)
Alegram-se nos céus os santos que seguiram os passos de Cristo. Por seu amor, derramaram o próprio sangue; por isso, com ele exultam eternamente.
Cornélio e Cipriano, ambos do século 3º, sofreram o martírio em nome da fé e da unidade dos cristãos. O papa Cornélio morreu no exílio em 253. O bispo Cipriano, cujos escritos são preciosa documentação sobre a fé e o culto, organizou a Igreja na África. Renovemos nossa disposição de seguir o Cristo também nas situações adversas, seguindo o exemplo de pastores zelosos que governam a Igreja de Deus sendo doadores de vida.
Primeira Leitura: 1 Timóteo 3,1-13
Leitura da primeira carta de São Paulo a Timóteo – Caríssimo, 1eis uma palavra verdadeira: quem aspira ao episcopado saiba que está desejando uma função sublime. 2Porque o bispo tem o dever de ser irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, prudente, modesto, hospitaleiro, capaz de ensinar. 3Não deve ser dado a bebidas nem violento, mas condescendente, pacífico, desinteressado. 4Deve saber governar bem sua casa, educar os filhos na obediência e castidade. 5Pois quem não sabe governar a própria casa, como governará a Igreja de Deus? 6Não pode ser um recém-convertido, para não acontecer que, ofuscado pela vaidade, venha a cair na mesma condenação que o demônio. 7Importa também que goze de boa consideração da parte dos de fora, para que não se exponha à infâmia e caia nas armadilhas do diabo. 8Do mesmo modo, os diáconos devem ser pessoas de respeito, homens de palavra, não inclinados à bebida nem a lucro vergonhoso. 9Possuam o mistério da fé junto com uma consciência limpa. 10Antes de receber o cargo, sejam examinados; se forem considerados dignos, poderão exercer o ministério. 11Também as mulheres devem ser honradas, sem difamação, mas sóbrias e fiéis em tudo. 12Os diáconos sejam maridos de uma só mulher e saibam dirigir bem os seus filhos e a sua própria casa. 13Pois os que exercem bem o ministério recebem uma posição de estima e muita liberdade para falar da fé em Cristo Jesus. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 100(101)
Viverei na pureza do meu coração!
1. Eu quero cantar o amor e a justiça, / cantar os meus hinos a vós, ó Senhor! / Desejo trilhar o caminho do bem, / mas quando vireis até mim, ó Senhor? – R.
2. Viverei na pureza do meu coração, / no meio de toda a minha família. / Diante dos olhos eu nunca terei / qualquer coisa má, injustiça ou pecado. – R.
3. Farei que se cale diante de mim / quem é falso e, às ocultas, difama seu próximo; / o coração orgulhoso, o olhar arrogante / não vou suportar e não quero nem ver. – R.
4. Aos fiéis desta terra eu volto meus olhos; / que eles estejam bem perto de mim! / Aquele que vive fazendo o bem / será meu ministro, será meu amigo. – R.
Evangelho: Lucas 7,11-17
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós, / e Deus visitou o seu povo (Lc 7,16). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 11Jesus dirigiu-se a uma cidade chamada Naim. Com ele iam seus discípulos e uma grande multidão. 12Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava. 13Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: “Não chores!” 14Aproximou-se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” 15O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. 16Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo”. 17E a notícia do fato espalhou-se pela Judeia inteira e por toda a redondeza. – Palavra da salvação.
As palavras dos Papas
A compaixão é um sentimento que envolve, é um sentimento do coração, das vísceras, envolve tudo. Não é o mesmo que “pena”, ou de quem diz “… que pena pobrezinhos”: não, não é o mesmo. A compaixão associa. É “sofrer com”. Isso é a compaixão. E Jesus associa-se a uma viúva e a um órfão… Mas tu tens uma multidão, por que não falas para a multidão? Deixa… a vida é assim… são tragédias que acontecem, sucedem… Não. Para Ele era mais importante a viúva e o órfão falecido do que a multidão à qual estava falando e que o seguia. Por quê? Porque o seu coração, as suas vísceras foram envolvidos. Sentiu compaixão. Aproximar-se e tocar a realidade. Tocar. Não olhá-la de longe. Ele sentiu compaixão – primeira palavra – aproximou-se – segunda palavra. Depois houve o milagre e Jesus não diz: ‘Até a vista, continuo o caminho’: não! Mas conduz o jovem dizendo ‘Restituo-o à sua mãe’: restituir, a terceira palavra-chave. Jesus realiza milagres para restituir, para pôr as pessoas no próprio lugar. E foi precisamente o que fez com a redenção. Deus sentiu compaixão , aproximou-se de nós no seu Filho, e restituiu todos nós à dignidade de filhos de Deus. Recriou-nos todos. (Papa Francisco, Homilia na Capela da Casa Santa Marta, 19 de setembro de 2017)
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Quando Jesus encontra o nosso luto
A lição da viúva de Naim
O “túmulo existencial” da perda
Irmãos e irmãs, neste dia em que celebramos a memória dos Santos Cornélio e Cipriano, nós ouvimos, neste texto de São Lucas, o relato dessa viúva de Naim, que tinha um único filho, mas esse filho morreu.
A mãe vê o filho morto, mas também já se sente num túmulo existencial. Para que viver em meio a tanto sofrimento? Pensava ela. Talvez você pense isso no dia de hoje também, sobretudo se você perdeu algum familiar, algum ente querido.
Meu filho é levado para o sepulcro, mas parece que sou eu. Aquela mulher se sente viajando para o próprio túmulo, não para o túmulo do filho. E Jesus, especialista em decifrar corações, consegue enxergar aquela dor.
O olhar de Jesus que para a procissão da morte
Todos os dias, a nossa peregrinação neste mundo, irmãos e irmãs, igualmente parece dolorosa e sofrida como a procissão desta viúva naquela cidade de Naim. De fato, todos os dias morremos um pouco.
A promessa da ressurreição: seremos levantados para sempre
Muitas coisas podem nos gerar felicidade, felicidades pequenas, temporárias, felicidades que passam. O Evangelho de hoje, no entanto, nos recorda que, um dia, seremos levantados para sempre. Um dia seremos ressuscitados como o filho da viúva do Evangelho.
Jesus o ressuscita para uma vida de felicidade com a mãe, com aquela que estava sofrendo a ausência do filho. Seremos levantados para sempre, levantados de nossos sofrimentos, levantados da morte, seremos levantados para a alegria que nunca passa, para uma união plena e definitiva que nós chamamos de vida eterna, para um encontro definitivo com nosso Senhor.
Alimentando a esperança no dia a dia
Encontro, irmãos e irmãs, que já alimentamos, neste mundo, com uma vida de profunda comunhão e relação com Deus através da oração e de uma vida entregue aos outros.
Oração e vida entregue aos outros alimentam a vida de Deus em nós, a vida divina, a plena comunhão, o desejo de eternidade, o desejo de céu.
Sobre você, desça e permaneça a bênção do Deus Todo-Poderoso: Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Edison Oliveira
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São Cornélio e São Cipriano, Papa e Bispo

Origens
A comemoração destes dois mártires, São Cornélio e São Cipriano, no mesmo dia, é muito antiga. O Martirológio de São Jerônimo já os celebrava juntos. Essa data escolhida indica, em particular, a renúncia ao trono papal do primeiro e a morte do segundo por decapitação.
Cornélio, o Papa
Em Roma, no ano 251, após alguns anos de cargo vacante, devido à perseguição de Décio, Cornélio foi eleito Papa em 251. Era um romano, talvez, de origem nobre, mas, certamente, reconhecido como homem de fé, justo e amoroso.
Contudo, a sua eleição não foi aceita pelo herege Novaciano, que se fez consagrar antipapa e promoveu um cisma precisamente na Cidade de Roma.
Cornélio — que apoiava a distância o Bispo Cipriano —, foi acusado de ser muito manso com os “lapsos”: estes eram apóstatas, que retornavam à Igreja, sem as devidas penitências. Estes voltavam às atividades, simplesmente com a apresentação de um certificado de reconciliação, obtido de algum suposto confessor.
Além do mais, uma epidemia abateu-se sobre Roma e, depois, teve início também a perseguição anticristã de Galo. O Papa Cornélio foi exilado e preso em Civitavecchia, onde faleceu em 253, mas foi sepultado nas catacumbas de São Calisto, em Roma.
Cipriano, Bispo
Cipriano nasceu em Cartago, no ano 210, era um hábil retórico, que exercia a profissão de advogado. Certo dia, ao ouvir a palavra de Jesus, converteu-se ao Cristianismo. Transcorria o ano 246.
Graças à sua fama de intelectual, foi imediatamente ordenado sacerdote e consagrado Bispo da sua cidade. Mas, em Cartago, a situação dos cristãos não era fácil: agravaram-se as perseguições de Décio, depois de Galo, Valeriano e Galieno.
Assim, muitos fiéis, ao invés de morrer, decidiram voltar ao paganismo. Com o tempo, alguns se arrependeram, mas a conduta de acolhida e benevolência do Bispo Cipriano com eles não foi aceita pelos rigoristas. Envolvido na contenda dos “lapsos”, lutou contra o Padre Novato, que apoiava o antipapa Novaciano, e contra o diácono Felicissimo, que havia eleito Fortunato como antibispo.
Em 252, Cipriano conseguiu convocar um Concílio, em Cartago, para condená-los, enquanto o Papa Cornélio, em Roma, confirmava a excomunhão deles. Durante a perseguição de Valeriano, o clandestino Cipriano retornou a Cartago, para dar testemunho da fé, mas ali foi martirizado.
Amor à verdade
A memória dos santos mártires São Cornélio e São Cipriano, os quais celebramos hoje, o mundo cristão os louva a uma só voz, como testemunhas de amor por aquela verdade que não pode ceder, professada por eles em tempos de perseguição diante da Igreja de Deus e do mundo.
Minha oração
“Os santos mártires doaram sua vida pela fé, e quão lindo testemunho é ver os pastores entregando-se como Jesus. Fazei que nossos líderes tenham a mesma coragem e força para sustentar a fé do povo de Deus, assim como testemunhar com a própria vida. Por Cristo, Senhor nosso. Amém!”
São Cornélio e São Cipriano, rogai por nós!