DIA 16 – TERÇA-FEIRA
3ª SEMANA DO ADVENTO
(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia)
Eis que o Senhor virá e com ele todos os seus santos, e naquele dia brilhará uma grande luz (Zc 14,5.7).
O que conta diante de Deus não são as aparências, as boas intenções ou as belas palavras, mas a prática. Ele olha para o que de fato fazemos, convidando-nos a viver no amor, na verdade e na justiça.
Primeira Leitura: Sofonias 3,1-2.9-13
Leitura da profecia de Sofonias – Assim fala o Senhor: 1“Ai de ti, rebelde e desonrada, cidade desumana. 2Ela não prestou ouvidos ao apelo, não aceitou a correção; não teve confiança no Senhor nem se aproximou de seu Deus. 9Darei aos povos, nesse tempo, lábios purificados, para que todos invoquem o nome do Senhor e lhe prestem culto em união de esforços. 10Desde além-rios da Etiópia, os que me adoram, os dispersos do meu povo, me trarão suas oferendas. 11Naquele dia, não terás de envergonhar-te por causa de todas as tuas obras com que prevaricaste contra mim; pois eu afastarei do teu meio teus fanfarrões arrogantes, e não continuarás a fazer de meu santo monte motivo de tuas vanglórias. 12E deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres”. E no nome do Senhor porá sua esperança o resto de Israel. 13Eles não cometerão iniquidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 33(34)
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.
- Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor estará sempre em minha boca. / Minha alma se gloria no Senhor; / que ouçam os humildes e se alegrem! – R.
- Contemplai a sua face e alegrai-vos, / e vosso rosto não se cubra de vergonha! / Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, / e o Senhor o libertou de toda angústia. – R.
- Mas ele volta a sua face contra os maus, / para da terra apagar sua lembrança. / Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta / e de todas as angústias os liberta. – R.
- Do coração atribulado ele está perto / e conforta os de espírito abatido. / Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, / e castigado não será quem nele espera. – R.
Evangelho: Mateus 21,28-32
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde, ó Senhor, não tardeis mais; / fazei o povo acabar com os seus crimes. – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: 28“Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ 29O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e foi. 30O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade do pai?” Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”. Então Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. 32Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele”. – Palavra da salvação.
As palavras dos Papas
Com a sua pregação sobre o Reino de Deus, Jesus opõe-se a uma religiosidade que não envolve a vida humana, que não questiona a consciência nem a sua responsabilidade perante o bem e o mal. Isto também é demonstrado pela parábola dos dois filhos, proposta no Evangelho de Mateus (cf. 21, 28-32). Ao convite do pai para ir trabalhar na vinha, o primeiro filho responde impulsivamente “não, eu não vou”, mas depois arrepende-se e vai; ao contrário, o segundo filho, que responde imediatamente “sim, sim pai”, na realidade não o faz, não vai. A obediência não consiste em dizer “sim” ou “não”, mas sempre em agir, em cultivar a vinha, em realizar o Reino de Deus, em praticar o bem. Com este simples exemplo, Jesus quer superar uma religião entendida apenas como prática exterior e habitual, que não incide na vida e nas atitudes das pessoas, uma religiosidade superficial, apenas “ritual”, no mau sentido da palavra. (Papa Francisco, Angelus de 27 de setembro de 2020)
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Meditação
Dois tipos de conversão
No Evangelho de hoje, Jesus, após expulsar os vendilhões do Templo, continua sua polêmica com os sumos sacerdotes, mostrando, com uma comparação impactante, que eles ainda não se converteram: “João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele” (Mt 21, 32).
Segundo os Santos Padres, especialmente São João Crisóstomo, quem são as prostitutas e os publicanos? São a representação de dois tipos de pessoas: aquelas que são mais preguiçosas e ficam na inatividade, caindo na luxúria e em outros pecados carnais — as prostitutas —; e aquelas que, mesmo sendo trabalhadoras e dedicadas, não o fazem pelo motivo certo, mas por interesses materiais e, com esse descuido, caem na avareza — os publicanos.
Pois bem, São João Batista veio pregar um batismo de conversão, que valia tanto para os que esperavam a vida passar nos deleites da carne, e para os que, diante da sociedade, pareciam até ser virtuosos e trabalhadores dedicados, mas transformavam o dinheiro em seu “deus”. E esse batismo tinha o intuito de preparar a vinda de Nosso Senhor. Por isso, Jesus diz aos fariseus: “As prostitutas e os publicanos vos precedem no Reino de Deus” (Mt 21, 31), justamente porque escutaram o chamado para mudar de vida.
Neste tempo do Advento, precisamos viver desse modo. Se identificamos em nós mesmos uma tendência para a preguiça, vamos terminar resvalando no mundo sensual, dos prazeres do corpo, pois a preguiça sempre deseja aquilo que é mais fácil e agradável sensorialmente. Assim, escolhendo apenas as boas sensações, terminaremos caindo na luxúria.
Contudo, mesmo quando deixamos a preguiça e nos tornamos trabalhadores, cheios de compromissos e objetivos, tomemos cuidado! Porque é muito fácil nos distanciarmos daquilo que é a verdadeira finalidade desta vida: Jesus. Deus nos colocou nesta vida para amá-lo e servi-lo, e com isso prepararmos nossa salvação eterna no Reino dos Céus. Então, não basta apenas trabalharmos: é necessário termos a vontade resoluta, clara e específica de dizer: “Quero fazer a vontade de Deus na minha vida, porque ela é, de fato, o que me realiza e abrirá para mim a porta do Reino dos Céus”.
Padre Paulo Ricardo
