DIA 22 – QUARTA-FEIRA
2ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Toda a terra vos adore com respeito e proclame o louvor do vosso nome, ó Altíssimo (Sl 65,4).
Cristo, escolhido por Deus como sacerdote para sempre, ensina-nos que o bem não deve sofrer restrição de tempo e lugar, e que as leis humanas e religiosas devem ser humanizadoras. Em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia, celebremos a vida, a qual Jesus coloca em primeiro lugar.
Leitura da carta aos Hebreus – Irmãos, 1Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote de Deus altíssimo, saiu ao encontro de Abraão, quando este regressava do combate contra os reis, e o abençoou. 2Foi a ele que Abraão entregou o dízimo de tudo. E o seu nome significa, em primeiro lugar, “Rei de Justiça”; e, depois, “Rei de Salém”, o que quer dizer “Rei da Paz”. 3Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem início de dias nem fim de vida! É assim que ele se assemelha ao Filho de Deus e permanece sacerdote para sempre. 15Isso se torna ainda mais evidente quando surge um outro sacerdote, semelhante a Melquisedeque, 16não em virtude de uma prescrição de ordem carnal, mas segundo a força de uma vida imperecível. 17Pois diz o testemunho: “Tu és sacerdote para sempre na ordem de Melquisedeque”. – Palavra do Senhor.
Tu és sacerdote eternamente / segundo a ordem do rei Melquisedeque!
1. Palavra do Senhor ao meu Senhor: / ”Assenta-te ao lado meu direito / até que eu ponha os inimigos teus / como escabelo por debaixo de teus pés!” – R.
2. O Senhor estenderá desde Sião † vosso cetro de poder, pois ele diz: / “Domina com vigor teus inimigos. – R.
3. Tu és príncipe desde o dia em que nasceste; † na glória e esplendor da santidade, / como o orvalho, antes da aurora, eu te gerei!” – R.
4. Jurou o Senhor e manterá sua palavra: † “Tu és sacerdote eternamente, / segundo a ordem do rei Melquisedeque!” – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus pregava a Boa-nova, o Reino anunciando, / e curava toda espécie de doenças entre o povo (Mt 4,23). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 1Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3Jesus disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio!” 4E perguntou-lhes: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” Mas eles nada disseram. 5Jesus, então, olhou ao seu redor cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração, e disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu, e a mão ficou curada. 6Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo. – Palavra da salvação.
Palavras do Santo Padre
Nos Evangelhos, muitas páginas narram os encontros de Jesus com os doentes e o seu compromisso por cuidar deles. Ele apresenta-se publicamente como alguém que luta contra a enfermidade e que veio para curar o homem de todos os males: o mal do espírito e o mal do corpo. […] E quando um pai ou uma mãe, ou então até simplesmente pessoas amigas traziam um doente à sua presença para que o tocasse e curasse, não perdia tempo; a cura vinha antes da lei, até daquela tão sagrada como o descanso do sábado (cf. Mc 3, 1-6). Os doutores da lei repreendiam Jesus porque Ele curava no dia de sábado, fazia o bem no dia de sábado. Mas o amor de Jesus consistia em dar a saúde, em fazer o bem: e isto vem sempre em primeiro lugar! Jesus manda os discípulos realizar a obra que Ele mesmo faz, conferindo-lhes o poder de curar, ou seja, de se aproximar dos enfermos e de cuidar deles até ao fim […]. Eis a tarefa da Igreja! Ajudar os doentes, sem se perder em bisbilhotices, assistir sempre, consolar, aliviar, estar próximo dos doentes; esta é a sua tarefa. A Igreja convida à oração incessante pelos nossos entes queridos, atingidos pelo mal. A prece pelos doentes nunca deve faltar. Aliás, temos que rezar ainda mais, tanto pessoalmente como em comunidade. (Audiência Geral de 10 de junho de 2015)
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Não existe descanso para o amor
Privado do auxílio sobrenatural de Deus, o homem é moralmente impotente tanto para observar por longo tempo os Mandamentos da Lei quanto para realizar qualquer obra meritória da vida eterna.
No Evangelho de hoje, Jesus entra na sinagoga em dia de sábado e cura um homem de mão seca. Ao fazer isso, Ele também deseja curar o nosso coração.
No original grego, a palavra “seca” (xeros) quer dizer “ressecada”, “atrofiada”. É importante notar isso porque, em sentido místico, aquele homem representa a todos nós. Temos a mão seca quando operamos, mesmo para realizar boas obras, sem ter o amor e a graça de Deus no coração. Por nossas próprias forças, somos incapazes de realizar ações de valor sobrenatural, porque o que define um ato bom, na sua essência, é o mérito de amar com amor divino, vindo unicamente do Céu.
Todo homem tem a “mão seca”, incapaz de realizar boas obras, se Jesus não opera em seu coração. Por esse motivo, Jesus quer romper o sábado, um “aparente descanso divino” em que Deus não vem ao encontro do homem, como se a culpa de sermos incapazes de amar fosse porque Ele está descansando no Céu e não se preocupa conosco. No entanto, sabemos que Jesus se importa com todos.
Vemos no Evangelho que Nosso Senhor pede ao homem de mão seca que vá para o centro, e, conhecendo o coração dos que estavam ao redor, coloca-os diante de uma questão moral: é lícito fazer o bem no sábado? Ora, não existe descanso para o amor. “O meu Pai trabalha sempre”, diz Jesus no Evangelho de São João. O amor de Deus não cessa, não tem descanso.
Então, naquele momento, as pessoas que estão ali caem no pecado, e “Jesus olha ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração” (Mc 3, 5). A expressão “duro de coração”, no original grego, tem a conotação de “calosidade”. São homens de coração insensível, como a mão calejada e endurecida.
Quem não se compadece diante de um necessitado tem um coração insensível e, além de não se amar, não ama a Deus. Mas se amamos ao Senhor, necessariamente olhamos para nós com o olhar com que Ele nos vê, e assim, amando-nos a nós mesmos em Deus, podemos amar ao outro e vê-lo com o olhar de Deus. Eis a verdade: a insensibilidade ao amor de Deus leva à insensibilidade ao amor de si e dos nossos irmãos.
Peçamos hoje a Jesus que cure nossa mão seca e, no lugar de nosso coração calejado e insensível, ponha em nosso peito o seu, tão amável e cheio de compaixão.
Padre Paulo Ricardo