DIA 21 – SEGUNDA-FEIRA
OITAVA DA PÁSCOA
(branco, glória, seq. facultativa, pref. da Páscoa I [“neste dia”] – ofício próprio)
O Senhor vos introduziu na terra onde corre leite e mel; a lei do Senhor esteja sempre em vossa boca, aleluia (Ex 13,5.9).
A morte-ressurreição de Jesus é o fato que norteia toda a vida do cristão. Essa notícia foi recebida com alegria pelas mulheres e com decepção pelos sumos sacerdotes. Celebremos com alegria o Senhor, que está vivo e reina para sempre!
Primeira Leitura: Atos 2,14.22-32
Leitura dos Atos dos Apóstolos – No dia de Pentecostes, 14Pedro, de pé, junto com os onze apóstolos, levantou a voz e falou à multidão: 22“Homens de Israel, escutai estas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem aprovado por Deus, junto de vós, pelos milagres, prodígios e sinais que Deus realizou, por meio dele, entre vós. Tudo isso vós bem o sabeis. 23Deus, em seu desígnio e previsão, determinou que Jesus fosse entregue pelas mãos dos ímpios, e vós o matastes, pregando-o numa cruz. 24Mas Deus ressuscitou a Jesus, libertando-o das angústias da morte, porque não era possível que ela o dominasse. 25Pois Davi dele diz: ‘Eu via sempre o Senhor diante de mim, pois está à minha direita para eu não vacilar. 26Alegrou-se por isso meu coração e exultou minha língua, e até minha carne repousará na esperança. 27Porque não deixarás minha alma na região dos mortos nem permitirás que teu santo experimente corrupção. 28Deste-me a conhecer os caminhos da vida, e a tua presença me encherá de alegria’. 29Irmãos, seja-me permitido dizer com franqueza que o patriarca Davi morreu e foi sepultado, e seu sepulcro está entre nós até hoje. 30Mas, sendo profeta, sabia que Deus lhe jurara solenemente que um de seus descendentes ocuparia o trono. 31É, portanto, a ressurreição de Cristo que previu e anunciou com as palavras: ‘Ele não foi abandonado na região dos mortos e sua carne não conheceu a corrupção’. 32Com efeito, Deus ressuscitou esse mesmo Jesus, e disso todos nós somos testemunhas”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 15(16)
Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
1. Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio! / Digo ao Senhor: somente vós sois meu Senhor; / ó Senhor, sois minha herança e minha taça, / meu destino está seguro em vossas mãos! – R.
2. Eu bendigo o Senhor, que me aconselha / e até de noite me adverte o coração. / Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, / pois, se o tenho a meu lado, não vacilo. – R.
3. Eis por que meu coração está em festa, † minha alma rejubila de alegria / e até meu corpo no repouso está tranquilo; / pois não haveis de me deixar entregue à morte / nem vosso amigo conhecer a corrupção. – R.
4. Vós me ensinais vosso caminho para a vida; † junto a vós, felicidade sem limites, / delícia eterna e alegria ao vosso lado! – R.
Evangelho: Mateus 28,8-15
Aleluia, aleluia, aleluia.
Este é o dia que o Senhor fez para nós, / alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 8as mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria para dar a notícia aos discípulos. 9De repente, Jesus foi ao encontro delas e disse: “Alegrai-vos!” As mulheres aproximaram-se e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. 10Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”. 11Quando as mulheres partiram, alguns guardas do túmulo foram à cidade e comunicaram aos sumos sacerdotes tudo o que havia acontecido. 12Os sumos sacerdotes reuniram-se com os anciãos, e deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, 13dizendo-lhes: “Dizei que os discípulos dele foram durante a noite e roubaram o corpo enquanto vós dormíeis. 14Se o governador ficar sabendo disso, nós o convenceremos. Não vos preocupeis”. 15Os soldados pegaram o dinheiro e agiram de acordo com as instruções recebidas. E assim, o boato espalhou-se entre os judeus até o dia de hoje. – Palavra da salvação.
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A Graça e a Paz do Ressuscitado
“As mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos. De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: ‘Alegrai-vos! Não tenhais medo. Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão’.”
Iniciamos nesta segunda-feira a Oitava de Páscoa, um período de oito dias que a Igreja vive como se fosse um único dia. A alegria da Páscoa é tanta que precisamos de um tempo próprio para meditá-la e enxergá-la não somente com os olhos naturais, mas movidos pela luz sobrenatural. É exatamente isso que encontramos no Evangelho de hoje: as santas mulheres, vendo o sepulcro vazio, sentem um misto de alegria e medo e saem correndo para dar a notícia aos discípulos. Então, Jesus aparece a elas, que, então, prostram-se diante do Divino Mestre.
Como é possível que esses dois sentimentos possam conviver? Bem, sabemos que as mulheres sentiram uma imensa alegria por terem recebido de Jesus o anúncio de que Ele iria ressuscitar. Mas por que o medo? Há um ditado que explica isso: “É bom demais para acreditarmos”, ou seja, elas estavam aflitas, temendo que aquele acontecimento tão extraordinário não fosse verdade. Contudo, Cristo, ao aparecer a elas diretamente, fez o medo desaparecer e a fé delas se fortalecer.
O Evangelho nos conta que, sem anúncio anterior, Cristo apareceu às mulheres e as saudou, dizendo: “Alegrai-vos!” (Mt 28, 9). No entanto, no original grego, essa saudação tem um sentido mais profundo, sendo a mesma que o Anjo Gabriel dirigiu a Nossa Senhora: “Haereté”, que quer dizer “Graça a vós” — pois a palavra “Haere” está ligada à “graça”.
Deus veio ao mundo, fez-se homem e morreu na Cruz por nós para nos trazer a alegria de podermos participar da sua vida divina, por meio da graça, que nos é comunicada pelo próprio Jesus ressuscitado. Ele apareceu para as mulheres e aparece para nós hoje através da fé, saudando-nos como São Paulo cumprimentava os seus discípulos e os primeiros cristãos das várias cidades que ele havia evangelizado: “Graça e paz”, “Haere”. Havia também a saudação hebraica comum: “Shalom”, mas tanto esta quanto a grega a saudação grega falam da mesma realidade: a graça que nós recebemos e nos leva à paz do Céu.
Então, nesta segunda-feira da Oitava de Páscoa, desejemos a todos, do fundo de nossos corações, graça e paz, assim como Jesus fez com as mulheres, seus discípulos e conosco, a fim de um dia gozarmos da paz duradoura na glória do Céu, participando da vida do próprio Deus.
Padre Paulo Ricardo