DIA 13 – QUINTA-FEIRA
32ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Chegue à vossa presença, Senhor, a minha oração; inclinai vosso ouvido à minha prece (Sl 87,3).
Com Jesus chega o Reino de Deus, plano de salvação concebido pela sabedoria divina em favor de todas as pessoas. Celebremos, nesta Eucaristia, o propósito de tornar esse Reino conhecido e amado por todos os homens e mulheres de hoje.
Primeira Leitura: Sabedoria 7,22-8,1
Leitura do livro da Sabedoria – 22Na sabedoria há um espírito inteligente, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, perspicaz, imaculado, lúcido, invulnerável, amante do bem, penetrante, 23desimpedido, benfazejo, amigo dos homens, constante, seguro, sem inquietação, que tudo pode, que tudo supervisiona, que penetra todos os espíritos, os inteligentes, os puros, os mais sutis. 24Pois a sabedoria é mais ágil que qualquer movimento, e atravessa e penetra tudo por causa da sua pureza. 25Ela é um sopro do poder de Deus, uma emanação pura da glória do Todo-poderoso; por isso, nada de impuro pode introduzir-se nela: 26ela é um reflexo da luz eterna, espelho sem mancha da atividade de Deus e imagem da sua bondade. 27Sendo única, tudo pode; permanecendo imutável, renova tudo; e, comunicando-se às almas santas de geração em geração, forma os amigos de Deus e os profetas. 28Pois Deus ama tão-somente aquele que vive com a sabedoria. 29De fato, ela é mais bela que o sol e supera todas as constelações; comparada à luz, ela tem a primazia: 30pois a luz cede lugar à noite, ao passo que, contra a sabedoria, o mal não prevalece. 8,1Ela se estende, com vigor, de uma extremidade à outra da terra e, com suavidade, governa todas as coisas. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 118(119)
É eterna, ó Senhor, vossa palavra!
1. É eterna, ó Senhor, vossa palavra, / ela é tão firme e estável como o céu. – R.
2. De geração em geração, vossa verdade / permanece como a terra que firmastes. – R.
3. Porque mandastes, tudo existe até agora; / todas as coisas, ó Senhor, vos obedecem! – R.
4. Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina, / ela dá sabedoria aos pequeninos. – R.
5. Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo / e ensinai-me vossas leis e mandamentos! – R.
6. Possa eu viver e para sempre vos louvar; / e que me ajudem, ó Senhor, vossos conselhos! – R.
Evangelho: Lucas 17,20-25
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou a videira e vós sois os ramos; / um fruto abundante vós haveis de dar (Jo 15,5). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 20os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”. 22E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘ele está aqui’. Não deveis ir nem correr atrás. 24Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem no seu dia. 25Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”. – Palavra da salvação.
As palavras dos Papas
O Senhor nunca diz que o Reino de Deus é um espetáculo. É uma festa! Mas é diferente. É uma festa, claro, é linda. Uma grande festa. E o Céu será uma festa, mas não um espetáculo. Embora a nossa debilidade humana prefira o espetáculo. E quando pensamos na perseverança de tantos cristãos, que sustentam a própria família – homens, mulheres – que cuidam dos filhos, dos avós e chegam ao fim do mês com apenas meio euro no bolso, mas rezam, é aí que está o Reino de Deus, escondido, nessa santidade da vida diária, nessa santidade de todos os dias. Porque o Reino de Deus não está longe de nós, está perto! Esta é uma de suas características: proximidade diária. O Reino de Deus é humilde, como a semente: humilde, mas cresce, pela força do Espírito Santo. Cabe a nós deixá-lo crescer em nós, sem nos vangloriarmos: deixar que o Espírito venha, mude nossa alma e nos leve adiante no silêncio, na paz, na quietude, na proximidade com Deus, com os outros, na adoração a Deus, sem espetáculos”. (Papa Francisco, Homilia na Casa Santa Marta, 13 de novembro de 2014)
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Meditação
De que forma o Reino de Deus está “dentro de nós”?
No Evangelho de hoje, os fariseus perguntam para Jesus a respeito do Reino de Deus, e Ele responde: “O Reino de Deus está no meio de vós (ou ‘entre vós’)” (Lc 17, 21).
Essa é a nossa tradução litúrgica, que não está errada, por ser uma das traduções possíveis. Porém, ao pé da letra, o que nós encontramos no grego é: “Hē basileia tou Theou entos hymōn estin”, “O Reino de Deus está dentro de vós”.
É importante focarmos nesse aspecto da tradução literal para nos darmos conta de que Deus está conosco desde sempre. Para interpretarmos este Evangelho, vejamos a experiência de Santo Agostinho. Ele era um dedicado e estudioso orador e filósofo que, antes de se converter, buscava a Verdade de Deus nas belezas da criação, nas realidades que estão mundo afora e na filosofia. Contudo, ao se tornar católico de fato, com 32 anos de idade, ele descobriu que Deus estava dentro dele. É o que ele diz em suas famosas “Confissões”, livro X: “Sero te amavi, pulchritudo tam antiqua et tam nova. Et ecce intus eras et ego foris”, “Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova. E eis que estavas dentro, e eu fora.”
Santo Agostinho percebeu que estava alienado, e precisava encontrar dentro de si o Senhor. Realmente, se quisermos encontrar o Reino de Deus, precisamos mergulhar dentro de nós, mas não pensando que se trata de um panteísmo — “Deus é tudo, e eu sou Deus também” —, e sim que Ele deseja ser nosso Amigo, o Divino Hóspede de nossa alma. Santo Agostinho expressa essa experiência da busca de Deus de forma muito clara quando diz: “Eis que dentro estavas, e eu fora, e ali te procurava, e sobre essas coisas belas que criaste eu, disforme, me lançava. Estavas comigo, e eu não estava contigo”.
Sim, embora pareça contraditório, Deus está conosco, mas nós muitas vezes não estamos com Ele. Muitas vezes sem saber, estamos buscando-o desorientadamente nos prazeres, no dinheiro, na fama e em tantas outras coisas externas. Por isso, o primeiro passo que devemos dar é mergulhar dentro de nós mesmos, por mais desagradável e miserável que seja o nosso coração. Mesmo que, por nossas falhas, não nos amemos, Deus está presente, amando-nos, perdoando-nos e querendo nos transformar em pessoas novas.
Vamos, pois, pedir cada vez mais a Deus pela fé, e corresponder ao seu amor infinito. Reconciliando-nos com o Divino Hóspede de nossa alma, encontraremos em nosso coração o Reino de Deus.
Padre Paulo Ricardo
