Meditações Dominicais – 33° Domingo do tempo comum ano B
Queridos irmãos e irmãs!
Neste penúltimo domingo do ano litúrgico, é proclamada, na redacção de São Marcos, uma parte do discurso de Jesus sobre os últimos tempos (cf. Mc 13, 24-32). Este discurso encontra-se, com algumas variantes, também em Mateus e Lucas, e é provavelmente o texto mais difícil dos Evangelhos. Esta dificuldade deriva quer do conteúdo quer da linguagem: com efeito, fala-se de um porvir que supera as nossas categorias, e por isso Jesus utiliza imagens e palavras tiradas do Antigo Testamento, mas sobretudo insere um novo centro, que é Ele mesmo, o mistério da sua pessoa e da sua morte e ressurreição. Também o trecho hodierno inicia com algumas imagens de tipo apocalíptico: «o sol escurecer-se-á e a Lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu e as forças que estão nos céus serão abaladas» (v. 24-25); mas este elemento é realizado pelo que segue: «Então verão vir o Filho do Homem sobre as nuvens, com grande poder e glória» (v. 26). O «Filho do homem» é o próprio Jesus Cristo, que relaciona o presente e o futuro; as antigas palavras dos profetas encontraram finalmente um centro na pessoa do Messias nazareno: é Ele o verdadeiro acontecimento que, no meio dos transtornos do mundo, permanece o ponto firme e estável.
Como confirmação disto há outra expressão do Evangelho de hoje. Jesus afirma: «O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão» (v. 31). Com efeito, sabemos que na Bíblia a Palavra de Deus está na origem da criação: todas as criaturas, a partir dos elementos cósmicos — sol, lua, firmamento — obedecem à Palavra de Deus, existem porque «chamados» por ela. Este poder criador da Palavra divina concentrou-se em Jesus Cristo, Verbo feito carne, e passa também através das suas palavras humanas, que são o verdadeiro «firmamento» que orienta o pensamento e o caminho do homem sobre a terra. Por isso Jesus não descreve o fim do mundo, e quando usa imagens apocalípticas, não se comporta como um «vidente». Ao contrário, Ele quer subtrair os seus discípulos de qualquer época da curiosidade pelas datas, pelas previsões, e deseja ao contrário dar-lhes uma chave de leitura profunda, essencial, e sobretudo indicar a senda justa sobre a qual caminhar, hoje e amanhã, para entrar na vida eterna. Tudo passa — recorda-nos o Senhor — mas a Palavra de Deus não muda, e face a ela cada um de nós é responsável pelo próprio comportamento. Com base nisto seremos julgados.
Queridos amigos, também nos nossos tempos não faltam calamidades naturais, e infelizmente nem sequer guerras e violências. Também hoje temos necessidade de um fundamento estável para a nossa vida e para a nossa esperança, sobretudo por causa do relativismo no qual estamos imersos. A Virgem Maria nos ajude a acolher este centro na Pessoa de Cristo e na sua Palavra.
PAPA BENTO XVI
ANGELUS
Praça de São Pedro
Domingo, 18 de Novembro de 2012