São João de Deus ensinou: “Fazei bem, a vós mesmos, ajudando os pobres”
Padroeiro
Desde 1886 é o patrono oficial dos doentes e dos Hospitais, junto com São Camilo e, desde 1930, padroeiro dos enfermeiros e suas associações católicas. Alguns países também o tomam como padroeiro dos bombeiros.
Origens
Nasceu em Montemor-o-Novo, próximo de Évora, Portugal. Recebeu o nome de João Cidade, que depois se tornaria João de Deus. Aos 8 anos, decidiu seguir um clérigo até a cidade de Oropesa na Espanha. Lá, ele morou com uma família rica, colaborando com seus pastores e serventes, até os 27 anos.
Vida: de soldado até livreiro
Alistou-se no exército e combateu pelo menos duas batalhas importantes em Fuenterrabia e em Viena, invadidas pelos turcos. Depois de Viena voltou a Portugal, seus pais já tinham morrido e não quis ficar por lá. Retornou a Espanha, seguindo para Sevilha e depois para Gibraltar e Ceuta, onde serviu, com heroísmo, uma família portuguesa, exilada, que ficou doente. A seguir retornou a Gibraltar, começando a vender livros, como ambulante, para sobreviver. Buscando vida mais estável, se mudou para Granada, onde abriu uma livraria. Entre todos os empregos que teve até então, o de ser livreiro foi o que mais gostou: apaixonou-se logo pelos livros, que os considerou também como uma ajuda para a oração e a fé, sobretudo aqueles com imagens sagradas.
São João de Deus e a Vocação aos Doentes
Doentes
Certo dia, em Granada, João ouviu um sermão do místico João de Ávila que o iluminou e o perturbou tanto que precisou de internação hospitalar. Então, decidiu vender tudo e dar aos pobres. Logo, começou a sair pelas ruas pedindo esmolas para os pobres, utilizando uma fórmula especial que se tornaria o lema de sua futura congregação: “Fazei bem, irmãos, a vós mesmos, ajudando os pobres”.
O que acontecia no hospital psiquiátrico
No hospital, João descobriu os últimos entre os doentes, trancados por suas famílias para se esconder e se livrar deles. Além do mais, experimentou os métodos com os quais eram tratados os doentes: verdadeiras torturas. Assim, entendeu que deveria fazer algo para aqueles irmãos mais infelizes, porque Deus queria. Quando terminou a sua experiência no manicômio, João foi ter com o Bispo, diante do qual se comprometeu em viver pelos que sofriam e a acolher os que quisessem fazer a mesma coisa.
A Ordem Hospitaleira
A Providência deu-lhe dois confrades de início: Eles seriam os primeiros Irmãos de São João de Deus. Apesar de não ter noções de medicina, estava ciente de que devia tratar dos doentes de modo novo, ou seja, ouvindo-os e satisfazendo as suas necessidades de diversas maneiras. Desta forma, conseguiu fundar um primeiro hospital, segundo estes ditames, em Granada, dedicando-se, ao mesmo tempo, aos órfãos, prostitutas e desempregados. Seu foco era a certeza de que a cura do espírito gerava a cura do corpo.
Páscoa
João faleceu aos 55 anos, enquanto rezava de joelhos e apertava ao peito um crucifixo. Ele não deixou nenhuma regra escrita, mas a sua obra de caridade já estava bem encaminhada e seus coirmãos continuavam inspirados por ele. São João de Deus foi canonizado em 1690, 60 anos após sua beatificação.
A Ordem Hospitaleira de São João de Deus
Princípios Institucionais
- Temos como centro de interesse, para todos os que vivemos e trabalhamos no hospital ou em qualquer outra obra assistencial, a pessoa assistida;
- Empenhamo-nos decididamente na defesa e promoção da vida humana;
- Reconhecemos à pessoa assistida o direito de ser convenientemente informada sobre o seu estado de saúde;
- Observamos as exigências do segredo profissional, fazendo que sejam igualmente respeitadas por todos os que se aproximam dos doentes e necessitados;
- Defendemos o direito de morrer com dignidade, respeitando e satisfazendo os justos desejos e as necessidades espirituais daqueles que estão prestes a morrer, conscientes de que a vida humana tem um termo temporal e é chamada à sua plenitude em Cristo;
- Respeitamos a liberdade de consciência das pessoas que assistimos e a dos nossos colaboradores, mas exigimos com firmeza que seja aceite e respeitada a identidade dos nossos centros hospitalares;
- Valorizamos e promovemos as qualidades e o profissionalismo dos nossos colaboradores e estimulamo-los a participar ativamente na missão da Ordem e, em função das suas capacidades e âmbitos de responsabilidade, tornamo-los participantes no processo de decisão das nossas Obras apostólicas;
- Opomo-nos à procura do lucro, por conseguinte, observamos e exigimos que sejam respeitadas as normas econômicas justas.
Congregação na Atualidade
Na atualidade, são aproximadamente 1000 irmãos, distribuídos por 53 países, em cerca de 200 comunidades, atendendo mais de 400 obras assistenciais: hospitais, clínicas, lares, centros de reabilitação, albergues, centros de saúde mental, ambulatórios, projetos sociais e escolas de enfermagem. Com eles estão 58.000 profissionais de saúde, 30.000 voluntários e milhares de benfeitores.
No Brasil
A Ordem Hospitaleira de São João de Deus opera no Brasil, sem interrupção, há 70 anos, trazida pelos Irmãos Portugueses. Estão atuando em Itaipava – Petrópolis (RJ) e Aparecida do Taboado (MS).
Devoção a São João de Deus
Oração
Senhor, vós inflamastes São João de Deus no fogo da caridade para que fosse na terra apóstolo dos pecadores, socorro dos pobres e saúde dos enfermos; e no céu o constituístes alívio dos que sofrem, padroeiro e modelo dos profissionais de saúde. Ensinai-nos a imitá-lo na Hospitalidade, e a comprometer-nos na construção do vosso Reino de paz e misericórdia. E, por sua intercessão, concedei-nos as graças de que necessitamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém.
Minha oração
“Querido santo, quantas maravilhas Deus fez em ti, através do amor aos doentes, e quantas ainda ele pode fazer em mim. Livrai-me da cultura do descartável, dos pensamentos de exclusão e eutanásia para com os enfermos. Ensinai-me a aprender a enxergar Jesus nesses seus filhos sofredores e a cuidar de cada qual como se fossem o Cristo. Amém.”
São João de Deus, rogai por nós!
Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 8 de março:
- São Pôncio, que foi em Cartago diácono de São Cipriano, a quem acompanhou no exílio até à sua morte [† s. III]
- Santos Apolónio e Filémon, mártires, no Egipto [† 287]
- São Provino, bispo, fiel discípulo de Santo Ambrósio. Preservou da heresia ariana a Igreja que lhe foi confiada, na Ligúria, atualmente na Lombardia, região da Itália [† c. 420]
- São Senano, abade, na Hibérnia, atual Irlanda [† s. VI]
- São Félix, bispo, natural da Borgonha, que evangelizou os Anglos orientais no tempo do rei Sigeberto, em Dunwich, na Inglaterra [† c. 646]
- São Teofilacto, bispo, que, condenado ao exílio por causa do culto das sagradas imagens, morreu em Stróbilon, na Cária, atualmente território da Turquia [† c. 840]
- Santo Hunfredo, bispo de Therouanne, congregou e reconfortou o seu povo, na Gália, hoje na França [† 871]
- São Litifredo, bispo, na Lombardia, região da Itália [† 874]
- São Dutácio, bispo de Ross, em Tayne, cidade da Escócia [† c. 1065]
- São Veremundo, abade de Irache, que, tendo abraçado desde tenra idade a vida monástica, era assíduo aos jejuns e vigílias. Estimulou com o exemplo os monges do seu mosteiro ao desejo da perfeição, na Espanha [† c. 1095]
- Santo Estêvão, primeiro abade do mosteiro deste lugar, que, na procura de Deus, associou os três mosteiros por ele fundados à Ordem Cisterciense, na Aquitânia, na atual França [† 1159]
- São Vicente Kadlubek, bispo de Cracóvia, que, depois de renunciar ao seu ministério, professou neste lugar vida monástica no mosteiro de Jedrzejow, na Polônia [† 1223]
- Beato Joaquim Kuroemon, mártir, em Hiroshima, no Japão [† 1624]
- Beato Faustino Míguez, religioso da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs. Ordenado presbítero, se dedicou ao ensino e, atingindo grande fama como mestre e perito nas ciências da natureza. Exerceu diligentemente a atividade pastoral e fundou a Congregação das Filhas da Divina Pastora, na Espanha [† 1925]
Fontes:
- saojoaodedeus.org.br
- vaticannews.va
- facebook.com/ohospitaleira
- Martirológio Romano
- Livro “Um santo para cada dia” – Mário Sgarbossa – Luigi Giovannini [Paulus, Roma, 1978]
Pesquisa: Rafael Vitto – Comunidade Canção Nova
Produção e edição: Fernando Fantini – Comunidade Canção Nova
Conteúdo certificado por Frei Augusto Gonçalves, membro da Ordem Hospitaleira