V Domingo do Tempo Comum – Ano B
Não sei se também durante a vida terrena do Filho de Deus as sogras já tinham má fama, o fato é que Jesus estende a sua mão misericordiosa a todos: no dia de hoje, lemos que ele curou a sogra de Simão. Você já ouviu aquela piadinha que defende ironicamente que Pedro traiu Jesus porque tinha curado a sua sogra? Ainda assim, conheço sogras admiráveis. Você também, querido leitor, talvez seja dessas pessoas que teve a ventura de não só conhecer, mas de ter uma sogra maravilhosa. No entanto, a bem da verdade, o meu interesse não é falar de sogras, eu quero sublinhar o fato de que ela só foi curada porque outros pediram, intercederam por ela.
O Catecismo da Igreja Católica contêm três parágrafos muito expressivos sobre a oração de intercessão (cf. Cat. 2634-2636). Em primeiro lugar, nos apresenta Jesus e o Espírito Santo como os grandes intercessores junto do Pai. Depois, mostra-nos a beleza e eficácia da intercessão que nós podemos fazer em favor dos outros. Pedir pelos outros “é próprio de um coração que está em consonância com a misericórdia de Deus”. O Catecismo também nos apresenta a oração de intercessão em conexão com aquela verdade de fé tão importante que é a comunhão dos santos, como expressão dessa comum-união. Neste sentido, também fica patente que devemos viver tudo isso não de maneira individualista, mas como membros da grande assembleia das filhas e dos filhos de Deus, como membros da Igreja.
Jesus está totalmente dedicado ao serviço do seu Pai do céu e, por amor ao Pai, de todos os seres humanos. Na primeira parte do Evangelho ele aparece curando a sogra de Simão; na segunda, ele ajuda a tantas outras pessoas necessitadas; na terceira, ele dedica-se a oração para continuar aquela ação penetrada pelo diálogo com Deus: “Ele retirou-se dali, pregando em todas as sinagogas e por toda Galileia, e expulsando os demônios” (Mc 1,39). A oração e a ação de Jesus são inseparáveis: ele reza para agir em nosso favor, ele faz o bem a todas as criaturas contemplando o Pai e com ele dialogando, ou seja, em oração.
Rezemos pelos outros, especialmente por aqueles que estão mais necessitados. Santa Teresa animava as suas carmelitas a rezarem pelos outros com as seguintes palavras: “tenhamos, irmãs, cuidado particular de suplicar, e não descuidar, já que é uma grande esmola rezar pelos que estão em pecado mortal; é um ato de caridade muito grande; é como se víssemos um cristão com as mãos amarradas com fortes correntes, amarrado a um poste e morrendo de fome, não por falta de comida, já que perto de si tem verdadeiros manjares, mas não pode comer porque não consegue levá-los à boca, está também muito cansado e vê que já vai morrer, não morte como esta, mas eterna. Não seria grande crueldade ficar olhando para ele e não chegar-lhe à boca um pouco de comida? Pois então… e se pela oração as correntes fossem retiradas? Vejam que maravilha! Por amor de Deus vos peço que sempre tenhais presente em vossas orações almas semelhantes” (S.Teresa de Jesus, Moradas 7ª,1,4).
Não somente pelos pecadores (entre os quais nos incluímos), mas também pelas necessidades da Igreja e do mundo, pelo Santo Padre, o Papa, e seus colaboradores, pelo Bispo e por toda a Diocese, pelos que governam o País, pelos nossos familiares e amigos, pelas almas do purgatório etc. Por todos!
Peçamos também a intercessão daqueles que já estão na glória do Senhor. Claro está que se uma pessoa, um comedor de arroz com feijão, pode orar por mim… Como não intercederá por mim de maneira eficaz alguém que já está contemplando o rosto de Deus? E caso se afirmasse que os que morreram em Cristo estão simplesmente dormindo, seria preciso lembrar aquela passagem segundo a qual “está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo” (Hb 9,27) e a recompensa eterna: “hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43). O coração daqueles que estão reinando com Cristo se dilatou pela perfeição da caridade, eles amam os seus irmão, nós que estamos ainda peregrinando, e nos ajudam com as suas orações, intercessões e súplicas ante o trono da Divina Majestade.
Pe. Françoá Costa