XVI Domingo do Tempo Comum – Ano B
“Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não tem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34). Que as pessoas reúnam-se em torno de um mestre é um fenômeno normal. Sentimos verdadeira necessidade de ter alguma pessoa em quem apoiar-nos:
- Em casa, nos apoiamos em nossos pais e em nossos avós. Eles têm experiência de vida e podem ensinar-nos muitas coisas;
- Na escola, acreditamos nos professores, que é verdade o que eles nos ensinam;
- No trabalho, especialmente no começo, sempre olhamos para os que têm mais experiência, pedimos conselhos etc.
Quando se trata das coisas de Deus, também procuramos um apoio sólido. O mesmo Cristo, Bom Pastor, quis colocar à frente de sua Igreja pastores que a governasse: os apóstolos e, depois deles, seus sucessores, os Bispos. Tanto os Apóstolos quanto os Bispos uniram a si colaboradores, os Presbíteros. Já nos começos da Igreja, os mesmos Apóstolos viram a necessidade dos diáconos para que pudessem dedicar-se ao serviço. A hierarquia da Igreja – bispos, presbíteros e diáconos – está posta na Igreja para pastoreá-la, para guardá-la.
Ao pensar num pastor pensamos logo no rebanho – talvez menos, já que nos encontramos numa sociedade não agrícola – e no que pode danar esse rebanho, nos lobos. Para defender o rebanho e guardar a sua unidade, precisamos de muitos e bons pastores. Rezemos pelas vocações sacerdotais: que o Senhor envie muitos operários para a sua messe: sacerdotes bons e fiéis. Talvez algum jovem que me lê sente-se chamado a entregar-se totalmente a Deus no sacerdócio, que não tenha medo. Avante!
Como reconhecer o verdadeiro pastor? É verdadeiro pastor aquele que anuncia a Palavra de Deus na íntegra, o que fala de oração, de penitência, da cruz, o que se preocupa com o rebanho. Os falsos pastores, ao contrário, fogem quando chega o lobo, desvirtuam o Evangelho de Cristo e não dão a verdade às almas, são bajuladores, falam apenas o que agrada às pessoas, diminuem as exigências do Evangelho, interessam-se pelo dinheiro e pelos demais bens do rebanho.
Nós, os sacerdotes de Jesus Cristo, há vinte séculos, falamos sobre as mesmas verdades, e não nos cansaremos de anunciá-las. O que eu lhes falo não são coisas da minha cabeça, são palavras do próprio Deus, para isso fui feito sacerdote: para anunciar a fé, para celebrá-la e para pastorear segundo os critérios que a fé nos dá.
O ser humano deseja saciar-se com as coisas eternas. Foi Deus quem fez a pessoa humana e colocou no seu coração o desejo de Deus, esse desejo faz parte da nossa natureza humana. Homens e mulheres buscam matar a fome de Deus indo atrás de quaisquer propostas religiosas sem examinar se são ou não verdadeiras. Um dos maiores males de nossa sociedade atual é a ignorância religiosa. E quando não, a resistência de uma vontade endurecida.
Conta-se de uma família que estava lutando para que o pai deixasse de fumar. O homem chegou a casa e disse à sua filha: “- li há pouco na revista “Seleções” um artigo terrível sobre o fumo e já tomei uma resolução”. A jovem disse-lhe então: “- Que bom, pai! Você vai deixar de fumar? Ao que pai respondeu imediatamente: “- Não. Vou deixar de ler”.
Pode parecer incrível, mas tem pessoas que insistem em permanecer nas próprias posturas ainda quando sabem que estas são erradas. Mas também há pessoas que não deixam o erro porque não sabem que estão no erro. Escutemos a voz do profeta Oséias: “Morre o meu povo por falta de doutrina” (Os 4,6). Dizia São Josemaría Escrivá: “A fome e a dor comovem Jesus, mas sobretudo comove-o a ignorância” (É Cristo que passa, nº109). Muitos correm atrás do espiritismo, da maçonaria, da Nova Era, de seitas as mais variadas, até da Bola de Neve Church (vi reportagem da Veja!), pensando que serão felizes. Só serão felizes quando seguirem o Senhor como Ele quer ser seguido. Não adianta enganar-se! Todas essas pessoas são boas, muitas são honestas (mais do que muitos católicos), eu os amo a todos; é preciso, porém, dizer: essas coisas não estão de acordo com o Evangelho, com a Verdade de Deus. Rezemos por todos! Amemos a todos! Não julguemos a ninguém!
Procuremos conhecer mais a nossa fé e ser-lhe fiéis. Da nossa fidelidade dependem muitas coisas! Encontramo-nos num período de férias (saibamos aproveitá-las!), estas não significam ociosidade. Férias não é ficar sem fazer nada, é mudar de atividade: crescer na intimidade com Deus através da oração, estar mais tempo com a família, ler mais as Sagradas Escrituras e livros que me falam da fé (especialmente o Catecismo da Igreja Católica), ler um bom livro de literatura, visitar e fazer apostolado com os amigos etc.
Pe. Françoá Costa