DIA 20 – QUARTA-FEIRA
33ª SEMANA COMUM
(verde – ofício do dia)
Meus pensamentos são de paz e não de aflição, diz o Senhor. Vós me invocareis e hei de escutar-vos, e de todos os lugares reconduzirei vossos cativos (Jr 29,11s).
O cristão aprende do Mestre que não deve se preocupar em guardar para si os dons recebidos, mas sim usá-lo em favor da construção de um mundo melhor, marcado pela presença daqueles que se abrem à manifestação da ação divina. Celebremos com o vivo desejo de frutificar os nossos dons, para manifestar a glória daquele “que é, que era e que vem”: Cristo, Senhor da história.
Primeira Leitura: Apocalipse 4,1-11
Leitura do livro do Apocalipse de são João – Eu, João, 1vi uma porta aberta no céu, e a voz que antes eu tinha ouvido falar-me como trombeta disse: “Sobe até aqui, para que eu te mostre as coisas que devem acontecer depois destas”. 2Imediatamente, o Espírito tomou conta de mim. Havia no céu um trono e, no trono, alguém sentado. 3Aquele que estava sentado parecia uma pedra de jaspe e cornalina; um arco-íris envolvia o trono com reflexos de esmeralda. 4Ao redor do trono havia outros vinte e quatro tronos; neles estavam sentados vinte e quatro anciãos, todos eles vestidos de branco e com coroas de ouro nas cabeças. 5Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante do trono estavam acesas sete lâmpadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus. 6Na frente do trono havia como que um mar de vidro cristalino. No meio, em redor do trono, estavam quatro seres vivos, cheios de olhos pela frente e por detrás. 7O primeiro ser vivo parecia um leão; o segundo parecia um touro; o terceiro tinha rosto de homem; o quarto parecia uma águia em pleno voo. 8Cada um dos quatro seres vivos tinha seis asas, cobertas de olhos ao redor e por dentro. Dia e noite, sem parar, eles proclamavam: “Santo! Santo! Santo! Senhor Deus todo-poderoso! Aquele que é, que era e que vem!” 9Os seres vivos davam glória, honra e ação de graças ao que estava no trono e que vive para sempre. 10E cada vez que os seres vivos faziam isto, os vinte e quatro anciãos se prostravam diante daquele que estava sentado no trono, para adorar o que vive para sempre. Colocavam suas coroas diante do trono de Deus e diziam: 11“Senhor, nosso Deus, tu és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque tu criaste todas as coisas. Pela tua vontade é que elas existem e foram criadas”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 150
Santo, santo, santo, Senhor Deus onipotente!
1. Louvai o Senhor Deus no santuário, / louvai-o no alto céu de seu poder! / Louvai-o por seus feitos grandiosos, / louvai-o em sua grandeza majestosa! – R.
2. Louvai-o com o toque da trombeta, / louvai-o com a harpa e com a cítara! / Louvai-o com a dança e o tambor, / louvai-o com as cordas e as flautas! – R.
3. Louvai-o com os címbalos sonoros, / louvai-o com os címbalos de júbilo! / Louve a Deus tudo o que vive e que respira, / tudo cante os louvores do Senhor! – R.
Evangelho: Lucas 19,11-28
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos escolhi a fim de que deis, no meio do mundo, um fruto que dure (Jo 15,16). – R.
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 11Jesus acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém e eles pensavam que o reino de Deus ia chegar logo. 12Então Jesus disse: “Um homem nobre partiu para um país distante a fim de ser coroado rei e depois voltar. 13Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata a cada um e disse: ‘Procurai negociar até que eu volte’. 14Seus concidadãos, porém, o odiavam e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: ‘Nós não queremos que esse homem reine sobre nós’. 15Mas o homem foi coroado rei e voltou. Mandou chamar os empregados aos quais havia dado o dinheiro, a fim de saber quanto cada um havia lucrado. 16O primeiro chegou e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais’. 17O homem disse: ‘Muito bem, servo bom. Como foste fiel em coisas pequenas, recebe o governo de dez cidades’. 18O segundo chegou e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam cinco vezes mais’. 19O homem disse também a este: ‘Recebe tu também o governo de cinco cidades’. 20Chegou o outro empregado e disse: ‘Senhor, aqui estão as tuas cem moedas, que guardei num lenço, 21pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Recebes o que não deste e colhes o que não semeaste’. 22O homem disse: ‘Servo mau, eu te julgo pela tua própria boca. Tu sabias que eu sou um homem severo, que recebo o que não dei e colho o que não semeei. 23Então, por que tu não depositaste meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o retiraria com juros’. 24Depois disse aos que estavam aí presentes: ‘Tirai dele as cem moedas e dai-as àquele que tem mil’. 25Os presentes disseram: ‘Senhor, esse já tem mil moedas!’ 26Ele respondeu: ‘Eu vos digo, a todo aquele que já possui será dado mais ainda; mas àquele que nada tem será tirado até mesmo o que tem. 27E quanto a esses inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e matai-os na minha frente’”. 28Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém. – Palavra da salvação.
Palavras do Santo Padre
Será bom pensarmos: “Como será esse dia, quando eu estiver diante de Jesus?” Quando ele me perguntar sobre os talentos que me deu, o que fiz com eles, quando me perguntar como estava meu coração quando a semente caiu nele, como um caminho, como espinhos, aquelas parábolas do Reino de Deus, como recebi a Palavra: com o coração aberto, fiz com que ela brotasse para o bem de todos, ou secretamente? Lembro-me de quando era criança, quando ia para a catequese, nos ensinavam quatro coisas: morte, julgamento, inferno ou glória. Após o julgamento, há essa possibilidade. “Mas, padre, isso é para nos assustar”. Não, é a verdade. Porque se tu não cuidares do teu coração para que o Senhor esteja contigo, e viver sempre longe do Senhor, talvez haja o perigo de continuar assim, de ficar longe do Senhor por toda a eternidade. Isso é muito feio. A fidelidade ao Senhor não desilude. (…) Com essa fidelidade, quando chegar a morte, no dia do juízo final não teremos medo. (Homilia na Capela da Casa Santa Marta, 22 de novembro de 2016)
**********************
Como entender a parábola das minas?
“Um homem nobre partiu para um país distante, a fim de ser coroado rei e depois voltar. Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata a cada um e disse: ‘Procurai negociar até que eu volte’”.
No Evangelho de hoje, Jesus continua subindo de Jericó para Jerusalém e, estando à frente dos discípulos, conta-lhes a parábola das minas.
Essa história é semelhante àquela dos talentos em São Mateus, capítulo 25; no entanto, o valor de comparação é muito diferente. Enquanto um talento equivale a 30 quilos de ouro, cerca de cinco milhões de reais, uma mina equivale a cem moedas de prata, aproximadamente mil reais. Embora o valor seja menor, São Lucas deseja enfatizar exatamente o contraste entre o pouco que nos é confiado e a grandeza da recompensa.
Jesus, enquanto ia a Jerusalém para ser proclamado rei, contou a história de um nobre que iria ser coroado em um país distante, mas depois voltaria para casa. Antes de partir, ele deu aos servos uma mina para cada um — aqui também há uma diferença com a parábola dos talentos, pois nela a distribuição não é igualitária —, e disse que lucrassem com aquele valor.
Quando o nobre voltou já coroado rei, o servo bom apresentou-se diante dele e, tendo sua mina rendido dez vezes mais, recebeu do senhor o governo de dez cidades. O segundo servo rendeu menos, apenas cinco vezes, por isso recebeu do patrão o governo de cinco cidades. Já o terceiro servo não fez render nada, pois tinha guardado as moedas em um lenço por temer a severidade do senhor, e foi punido.
Aplicando-o a nossas vidas, percebemos que a graça de Deus recebida é inicialmente pequenina; mas se nós correspondemos com generosidade, ela se multiplica extraordinariamente ainda aqui nesta terra e muito mais no Céu. Jesus nos ensina isso na parábola: os servos multiplicam a mina ainda neste mundo, e quando vem o senhor, recebem cidades para governar.
A generosidade com que amamos Jesus aqui na terra é a proporção que Deus usará para nos recompensar no Céu. Entretanto, a desproporção do que recebem os criados por terem multiplicado o dinheiro do senhor nem se compara à caridade que Cristo tem por nós, ao nos proporcionar a verdadeira felicidade, se amarmos a Deus com toda a nossa alma.
Sejamos generosos e aumentemos a graça que o Senhor nos deu, a fim de que possamos crescer em santidade ainda aqui neste mundo e, dessa forma, sermos dignos de viver a glória de Jesus no Céu.
Padre Paulo Ricardo