DIA 17 – QUARTA-FEIRA
3ª SEMANA DO ADVENTO
(roxo, pref. do Advento II ou IIA – ofício do dia)
Alegrem-se os céus e exulte a terra, porque o Senhor virá e terá compaixão dos pequeninos (Is 49,13).
Em Jesus se realiza a aspiração e a história de um povo particular que reflete a história de toda a humanidade. Essa história nos recorda que o poder de Deus foi exercido a serviço do gênero humano com um amor incondicional, culminando em Cristo, que, mediante sua vinda, fará florir a justiça e a paz.
Primeira Leitura: Gênesis 49,2.8-10
Leitura do livro do Gênesis – Naqueles dias, Jacó chamou seus filhos e disse: 2“Juntai-vos e ouvi, filhos de Jacó, ouvi Israel, vosso pai! 8Judá, teus irmãos te louvarão; pesará tua mão sobre a nuca de teus inimigos, se prostrarão diante de ti os filhos de teu pai. 9Judá, filhote de leão: subiste, meu filho, da pilhagem; ele se agacha e se deita como um leão e como uma leoa; quem o despertará? 10O cetro não será tirado de Judá, nem o bastão de comando dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertencem e a quem obedecerão os povos”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 71(72)
Nos seus dias, a justiça florirá / e paz em abundância, para sempre.
1. Dai ao rei vossos poderes, Senhor Deus, / vossa justiça ao descendente da realeza! / Com justiça ele governe o vosso povo, / com equidade ele julgue os vossos pobres. – R.
2. Das montanhas venha a paz a todo o povo, / e desça das colinas a justiça! / Este rei defenderá os que são pobres, / os filhos dos humildes salvará. – R.
3. Nos seus dias, a justiça florirá / e grande paz, até que a lua perca o brilho! / De mar a mar estenderá o seu domínio, / e desde o rio até os confins de toda a terra! – R.
4. Seja bendito o seu nome para sempre! / E que dure como o sol sua memória! / Todos os povos serão nele abençoados, / todas as gentes cantarão o seu louvor! – R.
Evangelho: Mateus 1,1-17
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ó Sabedoria do Altíssimo, que tudo determina, com doçura e com vigor: / oh, vem nos ensinar o caminho da prudência! – R.
Proclamação do Evangelho segundo Mateus – 1Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. 2Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacó; Jacó gerou Judá e seus irmãos. 3Judá gerou Farés e Zara, cuja mãe era Tamar. Farés gerou Esrom; Esrom gerou Aram; 4Aram gerou Aminadab; Aminadab gerou Naasson; Naasson gerou Salmon; 5Salmon gerou Booz, cuja mãe era Raab. Booz gerou Obed, cuja mãe era Rute. Obed gerou Jessé. 6Jessé gerou o rei Davi. Davi gerou Salomão, daquela que tinha sido a mulher de Urias. 7Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa; 8Asa gerou Josafá; Josafá gerou Jorão; Jorão gerou Ozias; 9Ozias gerou Jotão; Jotão gerou Acaz; Acaz gerou Ezequias; 10Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou Josias. 11Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia. 12Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel; 13Zorobabel gerou Abiud; Abiud gerou Eliaquim; Eliaquim gerou Azor; 14Azor gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud; 15Eliud gerou Eleazar; Eleazar gerou Matã; Matã gerou Jacó. 16Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. 17Assim, as gerações desde Abraão até Davi são quatorze; de Davi até o exílio na Babilônia, quatorze; e do exílio na Babilônia até Cristo, quatorze. – Palavra da salvação.
As palavras dos Papas
Mateus começa o seu Evangelho e todo o cânone neotestamentário com a «genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão» (Mt 1, 1). Trata-se de uma lista de nomes já presente nas Escrituras hebraicas, para mostrar a verdade da história e a verdade da vida humana. Com efeito, «a genealogia do Senhor é constituída a partir da história verdadeira, onde se encontram nomes no mínimo problemáticos e se sublinha o pecado do rei David (cf. Mt 1, 6). Tudo, porém, conclui-se e floresce em Maria e em Cristo (cf. Mt 1, 16)» (Carta sobre a renovação do estudo da história da Igreja, 21 de novembro de 2024). Depois, manifesta-se a verdade da vida humana que passa de geração em geração, confiando três elementos: um nome que encerra uma identidade e uma missão únicas; a pertença a uma família e a um povo; e, por último, a adesão de fé ao Deus de Israel. A genealogia é um gênero literário, ou seja, uma forma adequada para transmitir uma mensagem muito importante: ninguém dá a vida a si mesmo, mas recebe-a como dom de outros; neste caso, trata-se do povo eleito, e quem herda o depósito da herança. (Papa Francisco, Audiência Geral de 18 de dezembro de 2024)
********************
Meditação
A fidelidade de Deus em meio à nossa infidelidade
Hoje, iniciamos a preparação mais próxima para o Natal, em que, tanto na oração de Vésperas como na Aclamação ao Evangelho, a Igreja proclama as famosas “Antífonas do Ó” — e hoje, é a antífona “Ó, sabedoria”.
O Evangelho de hoje mostra a genealogia de Jesus, narrada por São Mateus, desde Abraão até José. Quando chega neste, o evangelista diz: “Jacó gerou José, esposo de Maria” (Mt 1, 16), apresentando aqui uma grande ruptura. Por quê? Porque depois de 15 versículos dizendo que tal homem gerou outro homem, o que se esperava ao chegar em José? Que se dissesse que ele gerou Jesus. Contudo, só é dito que ele é o cônjuge da Virgem Maria.
É interessante notarmos que São Mateus se deu ao trabalho de narrar, durante 16 versículos, uma geração após a outra, para depois dizer que esse povo não gerou Jesus! Sim, porque aquela que gerou Nosso Senhor foi Maria, pela graça do Espírito Santo; portanto, Cristo vem de Deus.
As gerações narradas por São Mateus manifestam a história da fidelidade do Senhor apesar da infidelidade de seu povo. Peguemos como exemplo Judá. A Primeira Leitura fala que seus irmãos o louvariam, pois dele descenderia Jesus. Mas Jesus veio de Judá de que modo? Através de um pecado horroroso de adultério. Dois filhos de Judá que desposaram uma mulher chamada Tamar morreram, e ele não queria que o seu único filho que havia restado se casasse com ela, temendo sua morte. Tamar, então, disfarçou-se e teve relações sexuais com o seu sogro, que já era casado. E é dessa gravidez que vem a genealogia de Jesus. Também há a prostituta Raab, cujos pecados nem precisam ser comentados; a pagã Rute, que não era da raça de Israel; a mulher de Urias, que cometeu adultério com Davi, e assim, nesse mar de infidelidades, foi-se criando a genealogia de Cristo.
No entanto, houve a fidelidade de Deus, que prometeu a Abraão uma grande descendência e enviou Jesus por meio da Virgem Maria, que brotou como um lírio de pureza em um pântano de infidelidade; como uma grande graça em meio à nossa miséria, trazendo consigo o Salvador. E dessa linhagem, onde alguns são santos e outros miseráveis, surge também o mais santo de todos depois de Maria: São José.
Deus deseja nos surpreender em nossa história de miséria e de infidelidade, fazendo surgir em nossas vidas a salvação, mas isso só será possível se estivermos com o coração pronto para recebê-lo. Portanto, peçamos a Deus a graça de purificarmos a nossa alma a fim de estarmos preparados para a sua vinda, que está cada vez mais próxima, especialmente neste tempo do Advento.
Padre Paulo Ricardo
