DIA 1º – SEGUNDA-FEIRA
1ª SEMANA DO ADVENTO
(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia da 1ª semana do saltério)
Ó nações, escutai a palavra do Senhor e levai-a até os confins da terra: Eis que chega o nosso Salvador, não tenhais medo! (Jr 31,10; Is 35,4).
Celebremos nossa caminhada em preparação à vinda de Jesus, o Filho de Deus. O Reino que vem com ele é motivo de sublime alegria, e a salvação que ele oferece é em favor de todos os povos da terra.
Primeira Leitura: Isaías 4,2-6
Leitura do livro do profeta Isaías – 2Naquele dia, o povo do Senhor terá esplendor e glória, e o fruto da terra será de grande alegria para os sobreviventes de Israel. 3Então, os que forem deixados em Sião, os sobreviventes de Jerusalém, serão chamados santos, a saber, todos os destinados à vida em Jerusalém. 4Quando o Senhor tiver lavado as imundícies das filhas de Sião e limpado as manchas de sangue dentro de Jerusalém com espírito de justiça e de purificação, 5ele criará, em todo o lugar do monte Sião e em suas assembleias, uma nuvem durante o dia, e fumaça e clarão de chamas durante a noite: e será proteção para toda a sua glória, 6uma tenda para dar sombra contra o calor do dia, abrigo e refúgio contra a ventania e a chuva. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 121(122)
Que alegria quando me disseram: / “Vamos à casa do Senhor!”
1. Que alegria quando ouvi que me disseram: / “Vamos à casa do Senhor!” / E agora nossos pés já se detêm, / Jerusalém, em tuas portas. – R.
2. Jerusalém, cidade bem edificada / num conjunto harmonioso; / para lá sobem as tribos de Israel, / as tribos do Senhor. – R.
3. Para louvar, segundo a lei de Israel, / o nome do Senhor. / A sede da justiça lá está / e o trono de Davi. – R.
4. Rogai que viva em paz Jerusalém, / e em segurança os que te amam! / Que a paz habite dentro de teus muros, / tranquilidade em teus palácios! – R.
5. Por amor a meus irmãos e meus amigos, / peço: “A paz esteja em ti!” / Pelo amor que tenho à casa do Senhor, / eu te desejo todo bem! – R.
Evangelho: Mateus 8,5-11
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ó vinde libertar-nos, Senhor e nosso Deus; / mostrai a vossa face e nós seremos salvos! (Sl 79,4) – R.
Proclamação do Evangelho segundo Mateus – Naquele tempo, 5quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: 6“Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. 7Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. 8O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. 9Pois eu também sou subordinado e tenho soldados debaixo de minhas ordens. E digo a um: ‘Vai!’, e ele vai; e a outro: ‘Vem!’, e ele vem; e digo ao meu escravo: ‘Faze isto!’, e ele faz”. 10Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: “Em verdade vos digo, nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. 11Eu vos digo, muitos virão do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó”. – Palavra da salvação.
As palavras dos Papas
“O Senhor, na palavra que ouvimos, admirou-se com este centurião: ficou surpreendido com a sua fé. Percorreu um caminho para se encontrar com o Senhor, mas tinha-o feito com fé. Por isso, não só se encontrou com o Senhor, mas sentiu a alegria de ter sido encontrado pelo Senhor. E este é precisamente o encontro que desejamos: o encontro da fé!”. […] “Quando só nós encontramos o Senhor, somos nós – entre aspas, digamos – os donos deste encontro; mas quando nós nos deixamos encontrar por Ele, é Ele quem entra dentro de nós, é Ele quem refaz tudo de novo, pois esta é a vinda, é o que significa quando vem o Cristo: refazer tudo de novo, refazer o coração, a alma, a vida, a esperança, o caminho. Nós estamos a caminho com fé, com a fé deste centurião, para encontrar o Senhor e, principalmente, para nos deixarmos encontrar por Ele!”. (Papa Francisco, Homilia na Capela da Casa Santa Marta, 2 de dezembro de 2013)
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Meditação
As duas virtudes fundamentais do Advento
Iniciamos hoje o tempo do Advento, um período de preparação do nosso coração para o Natal, para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas é preciso destacar que existem três vindas de Jesus. Uma, Ele realizou há dois mil anos atrás, no momento em que se encarnou e, como humilde criança, nasceu em Belém. A outra acontecerá no fim dos tempos, quando Cristo vier gloriosamente para instaurar o seu Reino definitivo. E, entre essas duas vindas, existe uma terceira: a vinda de Jesus em nossas vidas às escondidas, através do toque suave da graça.
Por isso, o Advento é um tempo de purificarmos o nosso coração, a fim de que esteja pronto para receber da melhor forma a vinda de Cristo. Receber a vinda de Cristo porque iremos celebrar o Natal — a primeira vinda; receber a vinda de Cristo porque a Igreja deve estar sempre pronta para a segunda vinda gloriosa de Nosso Senhor; e receber a vinda de Cristo em nosso dia a dia, por meio do sacramento da Eucaristia, dos toques da graça, da Palavra de Deus que nos alimenta e de cada intervenção divina que nos faz crescer espiritualmente.
É muito propício iniciarmos o Advento com o Evangelho do centurião, que disse a Jesus: “Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa” (Mt 8, 8). Essa é a mesma frase que repetimos a cada Missa porque, diante do Senhor que vem, de fato, a nossa sensação é de total indignidade e de que não somos capazes de recebê-lo dignamente.
Nesse contexto, o centurião é para nós um exemplo de fé. Ele disse veementemente que apenas uma palavra do Senhor bastaria para o seu empregado ser curado da paralisia, e por isso Jesus o elogiou, afirmando que não havia encontrado tamanha fé nem no meio do povo escolhido (cf. Mt 8, 10). Foi encontrá-la exatamente num pagão. E Cristo espera de nós essa fé do centurião.
O tempo do Advento é marcado pela virtude da esperança, porque precisamos aguardar o Senhor que vem. Contudo, não deixa de ser extremamente importante compreendermos que o primeiro passo para ter a esperança é a virtude da fé. Porque a nossa vida espiritual é como um edifício de três andares: o primeiro, é a fé; o segundo, a esperança; e o terceiro, a caridade. Ora, se não construirmos o primeiro andar, não existirá o segundo; e se não construirmos o segundo andar, não existirá o terceiro.
Portanto, devemos ter fé e crer verdadeiramente no amor de Cristo, que deseja vir ao nosso encontro. Então, quando a nossa fé for crescendo e chegar finalmente à “laje” do primeiro andar, logo estaremos no segundo, que é a esperança.
E como isso acontece na prática? Bom, ao crermos no amor de Cristo e na sua vinda em nossas vidas, somos tomados por uma pressa de amá-lo de volta e de corresponder a esse amor. E essa pressa chama-se esperança. Um exemplo: se alguém diz que ganhamos na Mega-Sena acumulada, mas não acreditamos nisso, ficamos apenas de braços cruzados. Porém, se cremos que isso realmente ocorreu, somos tomados por uma pressa, como quem diz: “Onde está o prêmio? Diga para mim!”. A mesma coisa deve acontecer de forma muito mais profunda em nossas vidas: ao sabermos que Aquele que mais nos amou e se entregou por nós está vindo, nosso coração deverá se encher de alegria e pressa, dizendo: “Onde Ele está? Que Ele venha logo!”. Vinde, Senhor Jesus!
Padre Paulo Ricardo
