Meditações Dominicais – 27° Domingo do Tempo Comum
Queridos irmãos e irmãs!
Neste domingo, o Evangelho apresenta-nos as palavras de Jesus sobre o matrimônio. A quem lhe perguntava se era lícito ao marido repudiar a própria esposa, como previa um preceito da lei mosaica (cf. Dt 24, 1), Ele respondeu que se tratava de uma concessão feita por Moisés devido à “dureza do coração”, enquanto a verdade sobre o matrimônio remontava “ao início da criação”, quando Deus, como está escrito no Livro do Génesis, “os criou homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, e serão os dois uma só carne” (Mc 10, 6-7; cf. Gn 1, 27; 2, 24). E Jesus acrescentou: “Portanto, já não são dois, mas uma só carne. Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem” (Mc 10, 8-9). É este o projecto originário de Deus, como recordou também o Concílio Vaticano II na Constituição Gaudium et spes: “A íntima comunidade conjugal de vida e amor foi fundada e dotada de leis próprias pelo Criador; baseia-se na aliança dos cônjuges… o próprio Deus é o autor do matrimónio” (n. 48).
O meu pensamento dirige-se a todos os casais cristãos: agradeço com eles ao Senhor pelo dom do Sacramento do Matrimônio, e exorto-os a manter-se fiéis à sua vocação em cada época da vida, “na alegria e no sofrimento, na saúde e na doença”, como prometeram no rito sacramental. Conscientes da graça recebida, possam os cônjuges cristãos construir uma família aberta à vida e capaz de enfrentar unida os numerosos e complexos desafios deste nosso tempo. Hoje, há particularmente necessidade do seu testemunho. Há necessidade de famílias que não se deixem arrastar pelas modernas correntes culturais inspiradas no hedonismo e no relativismo, e estejam prontas a realizar com generosa dedicação a sua missão na Igreja e na sociedade.
Na Exortação apostólica Familiaris consortio, o servo de Deus João Paulo II escreveu que “o Sacramento do Matrimônio constitui os cônjuges e os pais cristãos testemunhas de Cristo “até aos confins do mundo”, verdadeiros e próprios “missionários” do amor e da vida” (cf. n. 54). Esta missão é direta quer no interior da família especialmente no serviço recíproco e na educação dos filhos quer no exterior: de fato, a comunidade doméstica está chamada a ser sinal do amor de Deus para com todos. Trata-se de uma missão que a família cristã só pode realizar se estiver amparada pela graça divina. Por isto é necessário rezar incessantemente e perseverar no esforço quotidiano para manter os compromissos assumidos no dia do Matrimônio. Sobre todas as famílias, especialmente sobre as que estão em dificuldade, invoco a protecção materna de Nossa Senhora e do seu esposo José. Maria, Rainha da família, rogai por nós!
PAPA BENTO XVI
ANGELUS
Domingo, 8 de Outubro de 2006