
DIA 20 – SEGUNDA-FEIRA
29ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me! Protegei-me qual dos olhos a pupila e abrigai-me à sombra de vossas asas (SI 16,6.8).
Somos admoestados a evitar o apego ao dinheiro e aos bens terrenos; ao invés, sirvamo-nos deles para construir nova realidade, com justiça e amor. Celebremos nosso Senhor com fé e alegria!
Primeira Leitura: Romanos 4,20-25
Leitura da carta de São Paulo aos Romanos – Irmãos, 20diante da promessa divina, Abraão não duvidou por falta de fé, mas revigorou-se na fé e deu glória a Deus, 21convencido de que Deus tem poder para cumprir o que prometeu. 22Esta sua atitude de fé lhe foi creditada como justiça. 23Afirmando que a fé lhe foi creditada como justiça, a Escritura visa não só à pessoa de Abraão, 24mas também a nós, pois a fé será creditada também para nós que cremos naquele que ressuscitou dos mortos Jesus, nosso Senhor. 25Ele, Jesus, foi entregue por causa de nossos pecados e foi ressuscitado para nossa justificação. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: Lc 1
Bendito seja o Senhor Deus de Israel, / porque a seu povo visitou e libertou!
1. Fez surgir um poderoso salvador / na casa de Davi, seu servidor, / como falara pela boca de seus santos, / os profetas desde os tempos mais antigos. – R.
2. Para salvar-nos do poder dos inimigos / e da mão de todos quantos nos odeiam. / Assim mostrou misericórdia a nossos pais, / recordando a sua santa aliança. – R.
3. E o juramento a Abraão, o nosso pai, / de conceder-nos que, libertos do inimigo, / a ele nós sirvamos sem temor, † em santidade e em justiça diante dele, / enquanto perdurarem nossos dias. – R.
Evangelho: Lucas 12,13-21
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os humildes de espírito, / porque deles é o Reino dos Céus (Mt 5,3). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 13alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. 14Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” 15E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. 16E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ 20Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ 21Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”. – Palavra da salvação.
Meditação
A ilusão da felicidade terrena
No Evangelho de hoje, temos a oportunidade de meditar a respeito da hipnose da sociedade atual pelos bens materiais.
No meio de tanta crise econômica e desemprego, as pessoas estão convencidas de que serão felizes apenas se tiverem dinheiro. No entanto, Jesus nos diz: “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância” (Lc 12, 15), pois a vida não consiste na abundância dos bens, mas em algo muito mais profundo.
O desejo de ter coisas materiais é um dos mais misteriosos que acontecem no ser humano. Sim, realmente sentimos vontade de comer, de dormir, de ter relações sexuais — coisas que fazem parte de nossa natureza. Contudo, em excesso, tudo isso se torna pecado. Por exemplo, a humanidade precisa do sexo para procriar, mas existe algo muito errado no desejo de fazer isso sem propósito.
São Máximo, o Confessor, lembra-nos que uma pessoa pode ter desejos por três razões: o prazer, a vaidade e — a pior de todas — a falta de fé. O primeiro acontece quando queremos nos sentir confortáveis, tendo uma comida saborosa, um colchão ortopédico confortável, uma banheira Jacuzzi, e isso vai evoluindo até chegar a coisas extremas, como o sexo e a droga. É por isso que ter dinheiro é algo tão cobiçado hoje em dia: o prazer pode ser comprado.
No entanto, não é só isso que ele proporciona. O status é também algo realmente importante para o homem moderno. Aparecer na frente dos outros com um carro de alto valor, um avião a jato ou com joias raras já faz de você um “doutor”, a quem todos reverenciam.
Porém, a terceira razão pela qual uma pessoa quer ter cada vez mais bens materiais é a pior de todas: quando ela quer pôr a sua segurança no dinheiro. Nesse caso, ela está realmente construindo a “sua casa em cima da areia”. Por esse motivo, Jesus conta a parábola do Evangelho de hoje, desmascarando esta falta de fé: “Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste? Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus” (Lc 12, 20-21).
Portanto, Cristo quer que nós demos um passo a mais na fé, colocando em Deus a razão de ser de nossas vidas para, assim, construirmos a casa sobre a rocha firme. Vivemos tragicamente em uma sociedade que sofre dessa falta de fé e não espera a felicidade que Deus nos prometeu no Céu. Queremos apenas o prazer momentâneo, comprável e mundano, que acabará num piscar de olhos.
Até quando vamos viver nessa ilusão? Podemos até entender a falta de fé de uma pessoa que não acredita no Paraíso, mas é absurdo vermos que existem pessoas que esperam a felicidade aqui na Terra! Ora, nem é preciso ter fé para enxergarmos isso; basta ter um pouco de bom senso para perceber: ela não existe.
Somente em Deus é que nos tornamos pessoas verdadeiramente ricas. Logo, não sejamos como os tolos e insensatos que buscam uma felicidade ilusória neste mundo, mas busquemos a vida verdadeira no Céu, onde viveremos a Bem-aventurança eterna com Deus.
Padre Paulo Ricardo
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