Nós, católicos, acreditamos que Maria Santíssima teve somente um filho, Jesus Cristo, e que permaneceu sempre virgem, antes, durante e após o parto. Como conciliar, porém, essa verdade de fé, sempre ensinada pela Igreja Católica, com os trechos dos Evangelhos que falam dos “irmãos” de Jesus?
Nós, católicos, acreditamos que Maria Santíssima teve somente um filho, Jesus Cristo, e que permaneceu sempre virgem, antes, durante e após o parto. Como conciliar, porém, essa verdade de fé, sempre ensinada pela Igreja Católica, com os trechos dos Evangelhos que falam dos “irmãos” de Jesus (cf., v.gr., Mt 13, 55; Gl1, 18-19)?
As respostas estão contidas na própria Escritura. Quanto aos dois Tiagos mencionados nas listas dos Apóstolos, eles recebem a alcunha de Maior e Menor. Tiago Maior é filho de Zebedeu, irmão de São João; portanto, não é este o irmão de Jesus. Tiago Menor, por sua vez, é o filho de Alfeu (cf. Mt 10, 2-4; Mc 3, 16-19; Lc 6, 13-16); portanto, não é filho de José.
Alguém poderia alegar que ele é filho somente de Maria, que se casou com outro homem após a morte de José. Porém, nos trechos referentes às mulheres que estavam aos pés da Cruz do Senhor, temos a mãe de Tiago, que é claramente outra pessoa, não a mãe de Jesus:
Grande número de mulheres estava ali, observando de longe. Elas haviam acompanhado Jesus desde a Galileia, prestando-lhe serviços. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 27, 55-56).
Estavam ali também algumas mulheres olhando de longe; entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor e de José, e Salomé. Quando ele estava na Galileia, estas o seguiam e lhe prestavam serviços. Estavam ali também muitas outras mulheres que com ele tinham subido a Jerusalém (Mc 15, 40-41).
Os Evangelhos atestam, portanto, que havia uma Maria que era mãe de Tiago Menor e de José, mas esta Maria não era a mãe de Jesus. Então, quem era ela? Poderiam os chamados “irmãos” de Jesus ser, na verdade, “primos” dele? É o que se deduz da leitura do Evangelho de São João: “Junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena” (19, 25).
São João expõe de forma clara que havia, aos pés da cruz, uma irmã de Maria Santíssima, ou seja, uma tia de Jesus; mas essa Maria é aqui apresentada como esposa de Cléofas, ao passo que, no outro Evangelho, é tida como esposa de Alfeu. Podemos conjecturar, quanto a isso, que Cléofas e Alfeu fossem a mesma pessoa, com um nome grego e outro judaico, ou ainda que essa Maria, tia de Jesus, tenha se casado duas vezes, uma com Alfeu, concebendo Tiago, e outra com Cléofas, com quem teve outros filhos.
Até aqui, tem-se claramente que “Tiago, irmão do Senhor”, tinha outro pai e outra mãe. E que esta mãe era, na verdade, tia de Jesus. Na linguagem bíblica percebemos facilmente que irmão, na verdade, qualquer parentesco masculino que tenha uma ligação de sangue. É a linguagem semítica, como se vê também no Antigo Testamento. Abraão era chamado irmão de Lot; contudo, quando se lhe verifica a genealogia, descobre-se que Lot era seu sobrinho, filho de seu irmão.
Os textos bíblicos estão, pois, em perfeita harmonia com a Tradição católica e a fé da Igreja de dois mil anos.
Assista em vídeo essa explicação, clicando no link abaixo:
https://padrepauloricardo.org/episodios/quem-sao-os-irmaos-de-jesus
Fonte: https://padrepauloricardo.org