Entender a missão da Igreja na terra nos ajuda a entender nossa própria missão como batizados no mundo
Entender a missão da Igreja na terra nos ajuda a entender nossa própria missão como batizados no mundo. Por meio do apóstolo Paulo, aprendemos que a Igreja é o corpo de Cristo, do qual Ele é a cabeça. Não podemos conceber um Cristo sem corpo nem um corpo sem Cristo: tudo é uma unidade.
Quando nos perguntam sobre a finalidade da Igreja neste mundo, o que respondemos? O Evangelho nos revela a missão que Jesus lhe confiou: Ide ao mundo inteiro e anunciai o Evangelho, ensinai o que eu vos ensinei (cf. Marcos 16, 15-20). A missão da Igreja, portanto, é construir o Reino de Deus na terra, um Reino que “não é comida nem bebida, mas alegria e júbilo no Espírito Santo” (Romanos 14, 17).
Ela não tem uma tarefa exclusivamente mundana, não substitui as obrigações do Estado e dos seus governantes, mas possui uma missão muito mais sublime, pois toca o âmbito transcendente, espiritual: construir um Reino que se verifica aqui e agora mediante a entrega do grande tesouro que ela tem para compartilhar, Jesus vivo e ressuscitado.
Esta tarefa foi confiada às mãos e lábios frágeis e pecadores do ser humano. Jesus, mesmo conhecendo isso, quis confiar no ser humano para que construa em seu nome esse Reino poderoso e eterno.
A responsabilidade de educar na fé, de proclamar a salvação, passou de mão em mão, de lábios a lábios, inicialmente por meio dos patriarcas, posteriormente dos profetas, sumos sacerdotes, letrados, João Batista, depois foi retomada e levada à plenitude pelo próprio Jesus e confiada finalmente aos seus discípulos, para que continuassem seu exercício no mundo.
Quando João saiu de cena pela prisão, Jesus tomou as rédeas desta tarefa e evitou que ficasse inconclusa. Transcorridos mais de dois mil anos, esta mensagem chegou aos nossos ouvidos. Foi Jesus quem quis que esta tarefa nunca terminasse até sua volta à terra e, por isso, quis confiar a seres tão limitados a responsabilidade desta maravilhosa esperança.
O fato de não estarmos à altura da missão a nós confiada não significa que esta construção perca seu valor ou se perverta, porque, acima do pecado de cada ser humano está o poder do Espírito, que é quem faz acreditar, ainda contra toda limitação e pecado.
A Igreja, em meio ao pecado do homem que a constrói, é a manifestação da presença de Deus no mundo, e sua edificação não depende do vaivém das emoções humanas.
O Senhor se vale de cada fragilidade humana para manifestar seu poder e mostrar que o que se constrói não é um simples projeto humano. Todos nós temos uma tarefa muito grande à qual responder e o Senhor não se fixa nos limites que nos envolvem: idade, estado, falta de eloquência etc.
A Igreja possui um enorme tesouro a ser compartilhado e este tesouro é Jesus, em quem tudo se relativiza, pois, quando uma pessoa não o conhece, tudo parece importante, ainda o mais banal, mas, ao conhecê-lo, então começamos a perceber que tudo é “lixo, comparado com Cristo Jesus” (cf. Filipenses 3, 8).
Ainda quando muitos tentam destruir com sua ideologia o que a Igreja procura construir, o Espírito de Deus continua fazendo sua obra, para que a Verdade seja conhecida. E para construir esse Reino, é preciso fazê-lo como Igreja, corpo vivo, e não com sectarismos, que convertem o Reino de Deus em reino próprio.
O Reino de Deus não se constrói com sectarismos perigoso, nos quais cada um considera ter a razão; esta foi a grande fraqueza com que revestimos o cristianismo ao longo da história, pois cada um quis um Reino segundo seu próprio entender e, por isso, preferiu afastar-se dos lineamentos da Igreja quando não lhe pareciam adequados.
Como Cristo está vivo, a Igreja também é um corpo vivo, mas não em estado de coma ou vegetativo, e sim transmitindo essa vida, por meio dos sacramentos de Cristo e da pregação da Sua palavra. Quem vive a experiência de Jesus ressuscitado não pode ter uma atitude de agonizante; suas obras não podem cheirar a cadáver, mas a vida nova, essa vida que só Jesus sabe dar.
A Igreja não é o Reino em si, mas a semente com a qual ele começa; por isso, quando, como comunidade, nos amamos, vemos como o Senhor mesmo vai agregando os que vão se salvando (cf. Atos 2, 42-47). Portanto, esta não é uma obra nossa, mas somos seus construtores; não é nosso Reino, mas pertencemos a ele; não é nossa comunidade, mas nela nos congregamos.
Esta é a Igreja de Jesus Cristo, chamada a ser fermento de unidade no meio das massas, que andam errantes como ovelhas sem pastor. E Jesus é o verdadeiro Pastor.
Fonte: www.aleteia.org/pt