O quarto mandamento da Igreja diz que é preciso “jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja”. Mas, afinal, o que manda a Igreja nessa matéria?
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A abstinência e o jejum são formas de penitência interior. O Catecismo da Igreja Católica define penitência interior como sendo:
“Uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e repugnância às mãs obras que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça. Esta conversão do coração vem acompanhada de uma dor e de uma tristeza salutares chamadas pelos Padres de “animi cruciatus” (aflição do espírito, “compunctio cordis” (arrependimento do coração).” (CIC 1431)
Por aí percebe-se a importância da penitência interior que, dentre suas várias formas, inclui as citadas. Para mensurar mais precisamente a sua relevância, o jejum e abstinência de carne são o tema do Quarto Mandamento da Lei da Igreja: “Jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja” e, então, o que manda a Igreja? É o Código de Direito Canônico quem dá as orientações:
“Cân. 1249 Todos os fiéis, cada qual a seu modo, estão obrigados por lei divina a fazer penitência; mas, para que todos estejam unidos mediante certa observância comum da penitência, são prescritos dias penitenciais, em que os fiéis se dediquem de modo especial à oração, façam obras de piedade e caridade, renunciem a si mesmos, cumprindo ainda mais fielmente as próprias obrigações e observando principalmente o jejum e a abstinência, de acordo com os cânones seguintes.
Cân. 1250 Os dias e tempos penitenciais, em toda a Igreja, são todas as sextas- feiras do ano e o tempo da quaresma.
Cân. 1251 Observe-se a abstinência de carne ou de outro alimento, segundo as prescrições da Conferência dos Bispos, em todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; observem-se a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Cân. 1252 Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade até os sessenta anos começados. Todavia, os pastores de almas e os pais cuidem que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados a lei do jejum e da abstinência, em razão da pouca idade.
Cân. 1253 A Conferência dos Bispos pode determinar mais exatamente a observância do jejum e da abstinência, como também substituí-la, totalmente ou em parte, por outras formas de penitência, principalmente por obras de caridade e exercícios de piedade.”
Com referência ao cânon 1251, a CNBB afirma que o fiel católico brasileiro pode substituir a abstinência de carne por uma obra de caridade, um ato de piedade ou comutar a carne por um outro alimento.
O cânon é bem claro ao afirmar que todos são obrigados a jejuar, pois compreende a idade de 18 a 60 anos. Porém, desde os catorze anos os adolescentes já podem fazer algum tipo de abstinência.
Portanto, o quarto mandamento da Lei da Igreja está plenamente em vigor, a maioria dos católicos é obrigada a cumprir esse preceito, que não deve ser encarado como uma imposição, um sacrífico, mas sim, como meio de seguro de responder a apelo de Jesus à conversão do coração.
Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/qual-e-o-ensinamento-da-igreja-em-relacao-a-jejuar-e-abster-se-de-carne