Dia 19 – TERÇA-FEIRA
SANTOS ROQUE, AFONSO E JOÃO
PRESBÍTEROS E MÁRTIRES
(vermelho, pref. comum ou dos mártires – ofício da memória)
Por amor de Cristo, o sangue dos mártires foi derramado na terra; por isso, eles alcançaram a recompensa eterna.
Apesar das perseguições, os cristãos alcançam a vitória sobre as forças do mal, graças à fé na ressurreição de Cristo. No século 17, em defesa dos povos indígenas da América do Sul, os padres Roque González, paraguaio, Afonso Rodríguez e João del Castillo, espanhóis, doaram sua vida, sendo considerados os “mártires das reduções jesuíticas”. Peçamos ao Senhor que nos conceda fé profunda, fortaleza e perseverança na prática do bem.
Primeira Leitura: Apocalipse 3,1-6.14-22
Leitura do livro do Apocalipse de são João – Eu, João, ouvi o Senhor que me dizia: 1“Escreve ao anjo da Igreja que está em Sardes: Assim fala aquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço a tua conduta. Tens fama de estar vivo, mas estás morto. 2Acorda! Reaviva o que te resta e que estava para se apagar! Pois não acho suficiente aos olhos do meu Deus aquilo que estás fazendo. 3Lembra-te daquilo que tens aprendido e ouvido. Observa-o! Converte-te! Se não estiveres vigilante, eu virei como um ladrão, sem que tu saibas em que hora te vou surpreender! 4Todavia, aí em Sardes existem algumas pessoas que não sujaram a roupa. Estas vão andar comigo, vestidas de branco, pois merecem isso. 5O vencedor vestirá a roupa branca, e não apagarei o seu nome do livro da vida, mas o apresentarei diante de meu Pai e de seus anjos. 6Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas. 14Escreve ao anjo da Igreja que está em Laodiceia: Assim fala o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15Conheço a tua conduta. Não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! 16Mas, porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca. 17Tu dizes: ‘Sou rico e abastado e não careço de nada’, em vez de reconhecer que tu és infeliz, miserável, pobre, cego e nu! 18Dou-te um conselho: compra de mim ouro purificado no fogo, para ficares rico, e vestes brancas, para vestires e não aparecer a tua nudez vergonhosa; e compra também um colírio para curar os teus olhos, para que enxergues. 19Eu repreendo e educo os que eu amo. Esforça-te, pois, e converte-te. 20Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo. 21Ao vencedor farei sentar-se comigo no meu trono, como também eu venci e estou sentado com meu Pai no seu trono. 22Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 14(15)
Ao vencedor, dar-lhe-ei o direito / de sentar-se comigo no meu trono.
1. “Senhor, quem morará em vossa casa?” † É aquele que caminha sem pecado / e pratica a justiça fielmente; / que pensa a verdade no seu íntimo / e não solta em calúnias sua língua. – R.
2. Que em nada prejudica o seu irmão / nem cobre de insultos seu vizinho; / que não dá valor algum ao homem ímpio, / mas honra os que respeitam o Senhor. – R.
3. Ao vencedor, dar-lhe-ei o direito / de sentar-se comigo no meu trono. Não empresta o seu dinheiro com usura † nem se deixa subornar contra o inocente. / Jamais vacilará quem vive assim! – R.
Evangelho: Lucas 19,1-10
Aleluia, aleluia, aleluia.
Por amor, Deus enviou-nos o seu Filho como vítima por nossas transgressões (1Jo 4,10). – R.
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 1Jesus tinha entrado em Jericó e estava atravessando a cidade. 2Havia ali um homem chamado Zaqueu, que era chefe dos cobradores de impostos e muito rico. 3Zaqueu procurava ver quem era Jesus, mas não conseguia por causa da multidão, pois era muito baixo. 4Então ele correu à frente e subiu numa figueira para ver Jesus, que devia passar por ali. 5Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: “Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa”. 6Ele desceu depressa e recebeu Jesus com alegria. 7Ao ver isso, todos começaram a murmurar, dizendo: “Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!” 8Zaqueu ficou de pé e disse ao Senhor: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. 9Jesus lhe disse: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. 10Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido”. – Palavra da salvação.
Palavras do Santo Padre
Irmãos, irmãs, lembremo-nos disto: o olhar de Deus nunca pára no nosso passado cheio de erros, mas olha com infinita confiança para aquilo em que nos podemos tornar. E se por vezes nos sentimos pessoas de baixa estatura, não à altura dos desafios da vida e muito menos do Evangelho, mergulhados em problemas e pecados, Jesus olha para nós sempre com amor; como com Zaqueu, ele vem até nós, chama-nos pelo nome e, se o acolhermos, vem até à nossa casa. Então podemos perguntar-nos: como nos vemos a nós mesmos? Sentimo-nos inadequados e resignados, ou precisamente nesse momento, quando nos sentimos tristes, procuramos o encontro com Jesus? E depois: que olhar temos para aqueles que erraram e estão a lutar para se erguerem do pó dos seus erros? É um olhar do alto, que julga, despreza e exclui? Recordemos que é admissível olhar para uma pessoa do alto para baixo apenas para a ajudar a erguer-se: nada mais. Só neste caso é permitido olhar de cima para baixo. Mas nós cristãos devemos ter o olhar de Cristo, que abraça de baixo, que procura quem está perdido, com compaixão. Este é, e deve ser, o olhar da Igreja, sempre, o olhar de Cristo, e não o olhar condenador. Oremos a Maria, cuja humildade o Senhor contemplou, e peçamos-lhe o dom de um novo olhar sobre nós e sobre os outros. (Angelus de 30 de outubro de 2022)
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Morreram para converter os indígenas
Sem caridade, é impossível dar testemunho de Cristo e atrair quem quer que seja para a verdade da fé. É preciso amar e servir, pois foi amando-nos e servindo-nos que o Senhor nos arrancou do pecado e nos conquistou para si.
Celebramos hoje, com grande alegria, a memória dos mártires São Roque González e seus companheiros, os padres Afonso Rodrigues e João de Castilho. Trata-se de três sacerdotes jesuítas: o primeiro, paraguaio; os dois últimos, espanhóis.
Roque González era sacerdote e chegou a ser pároco da Catedral de Assunção e vigário geral da diocese, mas resolveu entrar para a Companhia de Jesus quando tinha 33 anos. Desse modo, por cerca de vinte anos, o Padre Roque se dedicou à evangelização dos povos indígenas nas chamadas reduções jesuíticas. Ele atuou no sul do Brasil — onde hoje é o estado do Rio Grande do Sul — e ali, na atual diocese de Santo Ângelo, foi martirizado.
Observando a vida deste santo, percebemos o amor imenso que ele tinha aos indígenas, querendo livrá-los da ignorância das falsas religiões e tirá-los do poder das trevas.
Contudo, por se opor às religiões pagãs, São Roque foi martirizado pelo líder religioso de uma tribo, que fez com que os índios o matassem, queimassem seu corpo e o deixassem exposto. No entanto, algo surpreendente aconteceu: dias depois, os índios voltaram e, vendo que o corpo ainda não estava inteiramente queimado, transpassaram com uma flecha o coração do padre, o qual milagrosamente disse: “Matastes a quem tanto vos amou. Meu corpo está morto; minha alma, no entanto, está no Céu”. Esse milagre extraordinário aconteceu para a conversão e a salvação dos índios culpados pela morte do santo.
“Matastes a quem tanto vos amou”. Essa frase certamente expressa o que foi a vida do Padre Roque González. O Ofício das Leituras traz uma das cartas deste homem que, treze anos antes do martírio, descreveu suas ações diárias e o método que utilizava nas missões indígenas. Primeiro, os jesuítas demonstravam todo o amor que tinham aos índios, e estes, depois de estarem convencidos do quanto aqueles homens eram sacrificados e os amavam de verdade, baixavam o escudo do coração e se abriam para ouvi-los.
Dessa forma, o Padre Roque González e seus companheiros conseguiram converter esses povos, edificando capelas, ensinando a adorar a Santa Cruz de Cristo, a ter reverência pelo sacrifício do Calvário na Santa Missa, a abraçar a fé e ser batizado e, finalmente, participar do santo e augusto sacrifício do Corpo de Jesus Cristo.
Quem deseja que alguém perdido no pecado encontre a Verdade, que é Cristo, e vá para o Céu, fazendo de tudo para ajudá-lo, até derramando, se for preciso, o próprio sangue, possui no coração o verdadeiro amor e a verdadeira caridade. Hoje, vemos esse exemplo de virtude na vida de Padre Roque González e seus companheiros. Que eles, de lá do Céu, intercedam por nós e nos ajudem a permanecermos fiéis em nosso propósito de vida, levando os ignorantes a se converterem e a participarem dos sacramentos da Santa Igreja Católica, a fim de que, um dia, possamos todos triunfar no Céu.
Padre Paulo Ricardo
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São Roque González e companheiros mártires
Origens
São Roque González de Santa Cruz nasceu em Assunção, Paraguai, em 1576. Filho de pais espanhóis, de elevada posição e de autêntico cristianismo, em sua infância e adolescência sobressai entre seus companheiros por sua vida de honestidade, recolhimento e pureza, por seu espírito e prática de oração ou piedade, bem como pela frequente recepção dos sacramentos e amigo da Eucaristia. Exercia, além disso, entre seus colegas, verdadeira liderança, e todos lhe queriam bem. Notável era a sua coragem, e seu caráter era forte e coerente em tudo que dizia respeito a Deus e à religião.