Quantos casamentos evitariam a nulidade se o casal se conhecesse melhor antes de subir ao altar? Há uma solução muito prática para resolver isso
Uma das coisas mais difíceis que fiz na vida foi preencher o questionário de petição de nulidade matrimonial. Perguntas sobre mim, sobre ele, sobre nossas famílias, nossas profissões, nosso namoro, o dia do casamento… E a pergunta: “O que significava para você estar enamorada?”. Reviver tudo isso foi muito doloroso.
No entanto, as 17 perguntas do questionário me fizeram ir muito além do lado horrível de tudo isso. As perguntas, intensamente pessoais, abriram meus olhos à verdade do que havia acontecido e revelaram uma perspectiva totalmente nova à minha história.
Pude reconhecer muitas más decisões que tomei ao entrar nesse relacionamento e, apesar de ter me casado para a vida inteira e ter me esforçado por ser uma boa esposa, encontrei-me face a face com uma triste verdade: eu não escolhi a pessoa certa.
Quando tudo terminou e respondi à última pergunta, não pude evitar o pensamento: “Por que ninguém me fez estas perguntas antes? Eu nunca teria me casado com ele se tivesse refletido sobre tudo isso!”.
Como católica divorciada, que recebeu a nulidade e voltou a se casar há 15 anos, percebi que o processo de nulidade foi uma preparação muito melhor para o casamento do que o curso de noivos que fiz lá no passado.
Por que a autêntica preparação para o casamento chegou tão tarde?
Precisamos mudar o jeito, a forma desses cursos de noivos, especialmente agora, após o sínodo das famílias. Precisamos oferecer uma formação mais sólida.
Atualmente, a sociedade tem imposto muitos tipos de pressão sobre os solteiros, ideias que não são propícias para fazer um casamento durar. Por isso, precisamos oferecer uma formação de casais diferente.
Por isso, acho que é preciso mudar as coisas e utilizar a sabedoria do questionário dos processos de nulidade, para preparar os noivos para o casamento. A finalidade desse questionário é oferecer aos juízes uma visão minuciosa e global da relação do casal, enfatizando o período de enamoramento, namoro e casamento.
O objetivo aqui é determinar se o casal contraiu um matrimônio válido naquele dia. As perguntas são intensas e abrangem um amplo leque de aspectos.
Por que fazemos isso somente quando um casamento fracassa? Não teria mais sentido aprofundar em todos estes aspectos antes de que o casal suba ao altar?
Há duas áreas do questionário de nulidade que oferecem um excelente conteúdo para criar um programa de curso de noivos. Uma delas é a exploração da infância e da vida familiar de cada contraente, porque isso já permite saber se eles têm ideias corretas sobre o casamento.
Discussões sobre a educação religiosa; problemas no casamento dos pais; antecedentes de abuso de drogas; histórico de possíveis abusos físicos, mentais ou sexuais… Tudo isso pode ajudar a perceber se a pessoa é adequada para o casamento.
Uma segunda área de atenção deveria ser a discussão detalhada sobre o período de conhecimento e namoro do casal, que também revela muito sobre seu nível de maturidade e sobre a possível existência de impedimentos, como o desconhecimento do fato de que o casamento é um compromisso permanente, exclusivo, para a vida toda e aberto à vida.
Apesar de todas as histórias de divórcio que já ouvi, em meu trabalho com católicos divorciados há muitos anos, a dor volta ao meu coração cada vez que ouço uma nova história. Eu faria qualquer coisa para evitar outro divórcio, outra família destruída, outro filho devastado emocionalmente.
Se ensinamos aos nossos filhos que o divórcio não é uma opção, também precisamos dar-lhes as ferramentas de que precisam para ter um bom casamento. Chegou a hora de assumir a responsabilidade de dar aos nossos filhos uma formação verdadeira e significativa, para que seus casamentos durem. E acho que o questionário de nulidade pode nos indicar a direção correta para isso.
Por Lisa Duffy
Fonte: http://pt.aleteia.org/