Meditações Dominicais – IV Domingo do Tempo Comum – Ano B
“Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar” (Mc 1,21). Lemos nas páginas do Evangelho como o Senhor Jesus dá importância à pregação da boa nova: indo de uma cidade a outra para anunciar a sua mensagem e realizando-a com perfeição, com autoridade. As pessoas reconhecem-no: “eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!” (Mc 1,27).
Por nossa parte, deveríamos estar muito interessados no que ele nos diz. A formação que vamos recebendo de Cristo através da Igreja tende a fazer-nos homens ou mulheres responsavelmente livres. A nossa liberdade vai sendo educada paulatinamente para que possamos escolher aquelas coisas que nos fazem mais humanos e mais cristãos. Longe, portanto, da autêntica formação a coação e o controle sobre os outros. Não se trata de asfixiar as pessoas para que façam o bem. O importante é ajudá-las a amar o bem, a desfrutar na prática das coisas boas, a ver que somente na realização do bem verdadeiro encontra-se a felicidade. De fato, a autoridade de Jesus não retira a liberdade do cristão, mas a favorece aperfeiçoando-a.
Cristo é o Mestre por excelência. Ele, pacientemente, foi formando os discípulos e os apóstolos para uma missão que, sem dúvida, os superava. Não obstante, o Senhor os ensinou a confiar na graça e a lutar decididamente pelas causas que valem a pena e… conseguiram! Os apóstolos não cumpriram a vontade de Deus à força de prescrições legais, mas graças ao fogo do amor de Deus que lhes aquecia o coração e à formação recebida e assumida. Primeiro, o Senhor os fez ativos no amor e, consequentemente, essa caridade tornou-se fecunda através do apostolado que trouxe muitas pessoas ao encontro com o Divino Mestre.
Um dos efeitos do ensinamento de Cristo feito com autoridade é a formação da nossa consciência. Neste sentido, o Concílio Vaticano II ofereceu-nos uma definição de enorme beleza: “a consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa a sua voz” (GS 16). Na consciência ressoa a voz de Deus… É preciso escutá-la! A formação da consciência é um dos requisitos indispensáveis para conseguirmos a perfeição da liberdade. Como se lê no Catecismo da Igreja Católica, “a consciência deve ser educada e o juízo moral, esclarecido. Uma consciência bem formada é reta e verídica. Formula seus julgamentos seguindo a razão, de acordo com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador. A educação da consciência é indispensável aos seres humanos submetidos a influência negativas e tentados pelo pecado a preferir seu julgamento próprio e a recusar os ensinamentos autorizados. (…) A educação da consciência garante a liberdade e gera a paz do coração” (Cat.1783-1784).
Deus quer que sejamos os responsáveis pelas nossas próprias ações livres. Mas para que elas fossem verdadeiramente responsáveis e livres, Deus infundiu em nós, por criação, uma luz natural que nos faz agir segundo a reta razão. Contudo, isso não é suficiente! Pela nossa debilidade e pelo pecado, essa luz enfraqueceu-se e, nalguns casos, quase apagou-se. A graça, junto com as virtudes teologais e os dons do Espírito Santo, iluminam e fortalecem de maneira nova o nosso organismo natural tornando mais suave a consecução do fim para o qual fomos criados. Esse fim, que é Deus, torna-se presente em cada um dos fins intermediários que escolhemos diariamente.
Estar atentos ao ensinamento de Cristo formará a nossa consciência de maneira eficaz. Mas é preciso conhecer a sua doutrina cada vez mais. E não há como conhecê-la profundamente se não aplicarmos a nossa mente e o nosso coração a ela, especialmente através da leitura da Sagrada Escritura e do Catecismo da Igreja Católica. Mas não é só questão de doutrina, é questão de conhecer o próprio Jesus, a sua Pessoa e a sua obra; é preciso, portanto, tratá-lo na oração, conversar com ele, aprender dos seus gestos e palavras.
Pe. Françoá Costa